segunda-feira, 21 de maio de 2007

Sobre a ocupação da reitoria da USP


Colo supra uma suscinta opinião sobre o caso, em nível micro e macro:

A POLÍCIA DE SERRA E AS IRONIAS DA HISTÓRIA

Recebemos esse texto que foi extraído de um outro blog, onde o professor Ricardo Musse coloca seu ponto de vista sobre a atitude do Governo atual e a autonomia universitária.

(blog fonte: http://www.blogentrelinhas.blogspot.com/ )

RICARDO MUSSE: A POLÍCIA DE SERRA E AS IRONIAS DA HISTÓRIA


Professor do departamento de sociologia da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Ricardo Musse
fez para este blog uma análise sobre o embate em curso entre o governo
de São Paulo e os estudantes, funcionários e professores da USP.
Vale a pena ler o artigo na íntegra, a seguir:

"No momento em que se intensificam os indicadores positivos na
economia, quando, no jargão do mercado, se comprova "a solidez dos
fundamentos econômicos" do país, a oposição passa por uma crise sem
precedentes. Encurralada pela estratégia de Lula no córner de
"oposição conservadora e golpista" (no jargão popularizado por Paulo
Henrique Amorim), o PSDB patina e "bate cabeça".

A crise da USP é um bom observatório dessa situação. O governador
Serra iniciou seu mandato com uma série de decretos que colocam "sob
judice" a "autonomia" das universidades estaduais paulistas. Não custa
lembrar que, ao tomar posse na presidência, o torneiro-mecânico Lula
da Silva anunciou, no primeiro mandato, sua prioridade no combate à
fome e, no segundo, a ênfase no crescimento econômico.

O espanto foi geral. Como se sabe, mas não se costuma dizer, a
"autonomia" das três universidades nunca foi além de um "sim senhor!"
dos reitores ao governador de plantão, o que se comprova pelas idas e
vindas, ditos e desditos deles depois da ocupação da reitoria da USP.
Para se ter uma idéia de como essa autonomia é ilusória, basta
observar que eles nunca reclamaram publicamente do fato de que, embora
a contribuição para a previdência estadual seja descontada dos
salários de cada professor, é a universidade que paga as aposentadorias.

Uma vez que nunca houve autonomia política, a percepção geral foi de
que Serra mirava a autonomia administrativa, acadêmica e financeira.
Como os reitores, subservientes como sempre, não se posicionam
satisfatoriamente; como as associações dos docentes estão ofuscadas
por uma pauta "equivocada", que não vai além do mantra "mais verbas
para a educação", os alunos resolveram agir em defesa de sua
universidade.

Tudo não teria passado de mais um ato isolado do movimento estudantil
se a reitora, obediente a ordens superiores, não tivesse obtido um
mandato de reintegração de posse e ameaçado chamar a tropa de choque.
O apoio à ocupação espalhou-se como ondas entre estudantes,
professores, na sociedade e, pasme-se, até mesmo na imprensa.

O governador José Serra, o mais credenciado candidato à sucessão de
Lula, cai novamente na armadilha e aceita ser colocado como herdeiro
das forças políticas que prepararam e apoiaram o golpe militar de
1964. Tudo isso enquanto Lula procura vincular seu nome à linhagem de
Getúlio e JK.

Mas o mais engraçado dessa situação é o contraste da pauta de notícias
e manchetes dos jornais: no mesmo instante em que Lula usa sua polícia
para prender empreiteiros e políticos corruptos, a polícia de Serra
entra em prontidão para atacar os estudantes da USP - aqueles que
conseguiram, por mérito, vencer a disputa do vestibular mais
concorrido do país.

Visto de longe, fica a sensação de que José Serra já escolheu seu
candidato à presidência em 2010. Trata-se de um jovem político mineiro
chamado Aécio Neves. "

Um comentário:

mauro F disse...

A Clarissa disse que em 2010 vai se refugiar (ou melhor, auto exilar) em Cuba.

às vezes, frente a situações como essas, dá vontade de fazer o mesmo.

Fiquei meio boboca no final do texto...