O táxi me levou ao hotel e Seattle se apresenta não como a cidade chuvosa e cinza que sempre li e esperei que fosse. É uma cidade linda, com um centro cheio de prédios modernos, galerias de arte e restaurantes finos que filtram a riqueza de empresas como Amazom.com, Starbucks e Microsoft, que têm nesta cidade e região seus quartéis-generais.
Segunda impressão (aparentemente) equivocada: a população. Estatísticas mostram que a população latina do condado onde fica Seattle quase triplicou nos últimos 15 anos. Eu esperava sim, ver hispânicos logo de cara - ouvir o espanhol que me recebeu em cada canto de cada cidade americana que visitei até então.
Nada disso. Entre os passageiros que desembarcaram comigo, no aeroporto, nas ruas - não vi sequer uma pessoa que parecia ser latina. Vi muitas loiras magrinhas, barbudos ruivos e asiáticos de olhos puxados. Ah, e meu taxista, que era indiano. "Sim, aumentou o número de hispânicos nos últimos anos. Você vai encontrá-los mais no interior", disse ele.
Me sinto estranho com essa ausência. Vivi em Miami um ano, em 2004. Miami não é bem uma cidade americana, eu sei, é uma cidade em que a maior parte da população fala espanhol e inglês e até mistura as línguas no dia a dia.
Até hoje, para mim, Miami é minha casa "nos states". Estou "nos states", mas não sinto que estou. Aqui, sinceramente, parece que saber chinês é mais útil.
Encontro com meus colegas de viagem. José e Carlos estão fazendo seus últimos preparativos. Com eles vou andar quase 6 mil quilômetros atrás dos hispânicos (e brasileiros) perdidos nesse mundaréu gringo.
Eles garantem que, pelo menos em relação ao povo de Seattle, minhas primeiras impressões estão equivocadas e que o mundo latino também tem seu braço na cidade mais populosa do Estado de Washington. Logo pela manhã, prometem me provar isso. Cético, digo boa noite e vou para meu quarto.
Quanto ao tempo... ligo a tevê rapidamente para pegar no sono. A meteorologia prevê um cinza melancólico para esta sexta-feira. E chuva misturada com neve. Será que o sol do fim do dia foi só para me contrariar?"
2 comentários:
Vejam que a cidade do grunge realmente mudou bastante depois da pujança do Vale do Silicone!
Ahahahhahah!!
Esse seu comentário melhorou um bocado meu humor.
Pena que o Rafael Gomez não percebeu que o sol poderia ser "apenas" um sinal de boas-vindas!
Eu gosto de relatos de viagens. Principalmente quando são assim, informais, lacônicos, desconfiados.
E acho que em breve (mas não tão em breve) estarei diante dos seus relatos.
Tenho texto novo lá no crônica do encontro. Dessa vez um texto sério.
Um grande abraço!!
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