quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Entenda a crise e o porquê do buraco ser mais embaixo

08/10/08 12:52 - Por Luís Nassif

"Recapitalização e nacionalização


Essas operações de liquidez, proporcionadas pelos Bancos Centrais, não irão adiantar. A cada dia que passa fica mais claro que se trata de um problema patrimonial: o sistema financeiro mundial quebrou.

As autoridades do FED e dos BCs europeus demoraram para perceber o problema da crise. Quando o incêndio lavrou, pensaram que era um problema de liquidez. Entraram tarde, mas o buraco é mais embaixo.

A questão é que a recapitalização, especialmente dos bancos europeus, envolve quantias tão fabulosas que não haverá condições de meramente trocar dívidas por ações.

Segundo artigo de Martin Wolff, cada um ponto de capitalização dos bancos ingleses equivale a 4 pontos de PIB. 5% de capitalização = 20% do PIB inglês.

A única saída será a nacionalização do sistema bancário e sua posterior devolução para o setor privado.

Na aba de Economia, um artigo do Martin Wolff sobre a recapitalização dos bancos ingleses.


enviada por Luis Nassif"


Enquanto isso no Brasil...

"A especulação brasileira


Clique aqui para ver, em planilha, um desdobramento da operação exposta pelo Valor, mas mostrando as perdas com o câmbio atual.

Como se recorda, são duas operações:

Operação 1 – venda de dólares a termo.

Operação 2 – contrato de venda de opções.

Por esse contrato quem vende se compromete, no dia do vencimento, a entregar os dólares pelo valor combinado; quem compra o contrato, se dispõe a pagar o combinado.

Se o dólar está acima do preço de vencimento da opção, o vendedor se obriga a pagar a diferença. Por exemplo: vendeu US$ 10 milhões a R$ 1,73 o dólar. Se o dólar vai a R$ 2,30, em vez de ir ao mercado, comprar dólar por R$ 2,30 e vender ao comprador pelos R$ 1,73 combinados, a empresa vendedora se limita a pagar a diferença. No exemplo, teria que pagar R$ 5,7 milhões.

Aqui supõe-se que a empresa vendeu US$ 10 milhões de dólares a termo e estava coberta por contratos de exportação.

Nesse caso, seu prejuízo seria o seguinte:

Operação 1 – Vende seus dólares no mercado por R$ 2,30, recebe R$ 23.000.000,00. Depois, é como se usasse esses R$ 23 milhões integralmente para adquirir US$ 10 milhões no mercado e entregar ao banco. O banco paga pelos dólares R$ 17.300.000,00.

Operação 2 – Na segunda operação, conforme já dito, seu prejuízo com o dólar seria de R$ 5,7 milhões.

Então veja só que, nesse caso, o exportador acabou ficando com apenas R$ 11.600.000,00. É como tivesse vendido seus US$ 10 milhões com um dólar a R$ 1,22. Mesmo assim, se antecipou demasiadamente seus contratos de câmbio, terá que entregar ao banco R$ 11,4 milhões (metade referente à operação a termo, metade à opção de venda) sem ainda ter dinheiro em caixa.

Para quem não tinha cambiais, o prejuízo é de R$ 5,7 milhões na veia.

Caso 1 Exportador coberto

Exportou US$ 10.000.000,00
Dólar a R$ 1,73
Recebeu R$ 17.300.000,00
Perdeu com opções R$ -5.100.000,00
Recebeu líquido R$ 12.200.000,00
Como se o US$ da exportação fosse de R$ 1,22

Com o dólar a R$ 2,53 o prejuízo será de R$ 7,3 milhões e o dólar efetivo de exportação R$ 0,99."

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