É, meus caros, parece que assistir a novelas influencia não apenas o linguajar adotado no dia-a-dia, nem tampouco a apenas alguns adereços descartáveis usados e popularizados principalmente pelas mulheres no decorrer de algumas tramas. Um estudo recente liga o aumento do número de divórcios com o nível do alcance do sinal da TV Globo rincões afora, e em especial, é claro, do acesso às novelas globais.
Saiu uma matéria sobre esse tema no Estadão aqui. Reproduzo alguns trechos que considero especialmente interessantes:
"Segundo os autores do estudo, Alberto Chong e Eliana La Ferrara, "a parcela de mulheres que se separaram ou se divorciaram aumenta significativamente depois que o sinal da Globo se torna disponível" nas cidades do país.
Além disso, a pesquisa descobriu que esse efeito é mais forte em municípios menores, onde o sinal é captado por uma parcela mais alta da população local."
Comentário:
Assim, chegamos então ao óbvio do óbvio: conteúdo algum é neutro, desprovido de objetivos e intencionalidades.
Tanto mais se estamos tratando da Rede Globo, cujo objetivo-mor é tentar há zil anos passar seus valores pouco afeitos à saúde da família tradicional, através principalmente do entretenimento.
Não é de se admirar que suas novelas, nas quais, reparem, não há, repito, não há famílias em que hajam figuras positivas de pai e mãe, que sejam representadas como realizadas e felizes, mas, ao contrário, com seus membros em permanente crise existencial e cujo enfoque é dado de modo tão individualista que se apresenta de forma irretorquível à conclusão desejada: de que tudo é permitido!
"O enredo das novelas freqüentemente inclui críticas a valores tradicionais e, desde os anos 60, uma porcentagem significativa das personagens femininas não reflete os papéis tradicionais de comportamento reservados às mulheres na sociedade.
Foram analisadas 115 novelas transmitidas pela Globo entre 1965 e 1999. Nelas, 62% das principais personagens femininas não tinham filhos e 26% eram infiéis a seus parceiros."
É tudo o que não precisamos, como indivíduos ou sociedade. E infelizmente a tv tomou o lugar que era da escola. Ao invés de a auxiliar, como a web deve fazer, ela simplesmente a substituiu.
Precisamos de referências positivas, de pai e mãe presentes, que juntos ou não, no dêem limites, aprendam a nos dizer NÃO e nos ensinem a fazer o mesmo com os outros quando preciso. Cadê o autocontrole, para gastar melhor o suado dinheiro, para calar sabiamente frente à tolice, para falar o necessário frente à estupidez? Nada disso parece ser suficientemente importante para os badalados autores das comentadas novelas.
É claro que não ignoro que há uma crítica ao estilo de vida tradicional, atualmente em crise, que deve, sim, ser feita. Mas feita, até mesmo destruindo-o para se colocar algo melhor no lugar, senão o niilismo poderá tomar o lugar onde algo de bom poderia estar sendo construído.
Numa sociedade que só enxerga o próprio umbigo é difícil até procurar referências de boas decisões, de exmploes de vida em quem possamos nos espelhar pelo menos até formarmos nosso caráter e personalidade. Eu também me incluo nessa dificuldade, não estou no limbo. Em parte, penso que isso se dá porque meus pais já são aquela primeira geração, anos 60, que se tornou autocentrada e individualista. A minha geração é apenas a agudização de tal processo. Triste legado, de difícil reversão. Mas uma mutação jaz à porta. Resta saber se pra melhor ou pior.
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