quarta-feira, 18 de julho de 2007

Desabafo de uma quarta com luto

Tentei em vão resistir a escrever sobre o fato. Mas isso seria fingir. Fingir que não sinto nada. E já fingi tanto nessa vida que... Cansei! E quer saber? Não penso muito na reação dos outros e já não me furto tanto em dizer a verdade como antes, doa a quem for. Porque é muito curta essa vida para fingirmos papéis de perfeitos, que nunca seremos. Quiçá perto disso. Não é também desculpa para errar com a "consciência limpa", é bom diferenciar. Se errar, errei. Mas pelo menos saio de alma mais limpa! E tudo tem seu preço... Com a minha pretensão de transparência não seria diferente.

O luto que se seguiu hoje me deixou sem a costumeira disposição para brincar. A tristeza pelo sofrimento das vítimas e familiares é inimaginável. Ou talvez apenas imaginável. O fato é que me enoja a maneira vil como tudo isso vem sendo tratado, quando se aproveitam de um momento de fragilidade emocional e comoção generalizada para atacar o governo sempre responsabilizado por tudo que de ruim existe nesse país. Mais parece um mantra, cada vez mais recitado, tenho a infeliz sensação. É ponto passivo que este governo erra muitas vezes - especialmente nos quesitos rapidez e punibilidade - e que, sim, pode num futuro próximo ser responsabilizado por atos de omissão concorrente, mas daí a supor que as investigações, ainda em andamento, são dispensáveis...

E a condenação não tardou a vir: hoje pela manhã às 7h no Bom Dia Brasil foi sumária e pretensamente inequívoca. Assisti perplexo, confesso-lhes. "Dispensem a abertura da caixa-preta!", cheguei a ouvir-lhes os gritos em pensamento.

Estão tentando transformar uma terrível tragédia num ato político imundo! Dos parentes nem exijo outra atitude, afinal no calor do momento é realmente difícil divisar razão e emoção... Mas dos outros, se não for por ignorância... E isso é também um horror!

Quanta catarse, meu Deus!! Confesso que o estômago revira.

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