O enredo do filme é inspirado na biografia de William Randolph Hearst. Talvez não o soubessem os cineastas, mas há muito mais verossimilhança nesse roteiro do que gostariam os simpatizantes da democracia. O filme poderia sem grandes modificações ter sido inspirado na vida de Roberto Marinho, o magnata das comunicações, falecido há alguns anos.
P. S. 1: Na real verdade, ainda estamos administrando o poder que a Internet nos legou e delegou... Me explico melhor: ainda me surpreendo com o poder que essa hábil ferramenta de comunicação pode nos dar. De praticamente qualquer país do mundo onde haja um pc conectado à Internet é possível ter acesso aos mais variados conteúdos. Novidade? Não, nada! Mas repare como as implicações disso, essas sim, são novas! Porque nos permitem um tal poder de acesso, que não nos limita às edições da grande mídia. Exemplo? Poder, sem grandes dificuldades, acessar conteúdos censurados por essa mesma mídia nativa é simplesmente estupendo!! A democracia, alguém já disse, passa também pelo acesso à informação. Nesse sentido, a Internet veio dar maior solidez às democracias mais frágeis, como a do Brasil por exemplo, e até injeta um pouco naqueles países que não a possuem, como a China. E tudo isso além de poder, por conseqüência, contribuir um pouco para a formação cidadã da população mundial. O problema é que a internet é uma área em constante transformação, exigindo pois algum tempo para pesquisa.
P. S. 2: Ontem foi um dia desses de tremenda satisfação...! Por acaso acabei encontrando num blog qualquer links para um documentário, datado de 1993, feito pela BBC londrina sobre as Organizações Globo, de tal modo censurado que nem mesmo ouvi ser citado, salvo nos meios acadêmicos. Assisti ao documentário Muito além do Cidadão Kane absolutamente estupefato! E não menos profundamente envergonhado pelo que fizeram em nosso nome, em nome do povo brasileiro, o mesmo que, formalmente, detém a concessão dos canais públicos a essas empresas de telecomunicação privadas. Infelizmente não foi a primeira vez que o direito da população é aviltado pelos donos do poder. Se nada for feito, possivelmente também não será a última.
Não me era alheio o conluio político que já há muito tinha certeza existir no âmbito das telecomunicações no Brasil, mas ouvir com riqueza de detalhes sobre os atores [sociais] envolvidos pelas mãos de repórteres [descomprometidos com a manutenção de nosso status quo], muitas vezes soa igualmente chocante e não menos revoltante que as políticas públicas dos países mais miseráveis do mundo, que costumam beneficiar a elite local sem qualquer contrapartida, além do puro entretenimento [de qualidade, é bom ressaltar, questionável], para a população pobre.
P. S. 3: Para o bem ou para o mau, é inegável que as políticas do governo petista têm sido mais generosas com a população mais carente dos rincões desses Brasis afora. O advento da TV Digital, alardeado por todos, governo e empresas, como uma nova etapa [sendo "nova" tomada como sinônimo de "melhor"] na era das comunicações. O avanço de adversários da Globo [leia-se, Rede Record] também têm contribuído, por menor que seja, em alguma medida para a melhoria da programação da TV aberta no país.
P. S. 4: Concluo que nem "todo mundo tá feliz", como cantava a Xuxa! Cito o supracitado blog:
"Muito Além do Cidadão Kane é um documentário que trata das relações sombrias entre a Rede Globo de Televisão, na pessoa de Roberto Marinho, com o cenário político brasileiro, que completou doze anos servindo como instrumento de protesto contra a censura. O próprio filme, realizado por Simon Hartog para o canal 4 da BBC de Londres, é proibido em terras tupiniquins desde a estréia, em 1993, por decisão judicial.
A primeira justificativa para a censura foi a ausência de um documento vindo da Inglaterra autorizando a veiculação da obra. Hartog tomou conhecimento do fato e permitiu a exibição em qualquer parte do planeta.
Porém, a película mostra o que boa parte dos representantes do poder brasileiro não queria que viesse a público e uma segunda ação judicial foi movida proibindo de vez a projeção do filme
nacionalmente.
Os advogados da Rede Globo tentaram vetar a circulação da fita em outros países, mas não conseguiram, e foi esse fracasso que permitiu que uma minoria seleta da população brasileira conseguisse ver o que o resto do país não viu: a face da mídia do Brasil que não vira atração de TV.
Por mais de uma hora e meia são mostrados com uma narração criticamente irônica em off fragmentos de uma história de manipulação de resultados (como os cortes efetuados na edição do último debate entre Luiz Inácio da Silva e Fernando Collor de Mello, que influenciaram a eleição de 1989); de censura a artistas (como Chico Buarque que por muitos anos foi proibido de ter seu nome divulgado na emissora); de criação de mitos culturalmente questionáveis (como é o caso de Xuxa) e de veiculação de notícias frívolas e tolices em programas de auditório.
Os depoimentos de Leonel Brizola, Chico Buarque, Washington Olivetto, Fausto Neto, entre outros jornalistas, historiadores e estudiosos da sociedade brasileira se intercalam com as imagens dos acordos firmados por Marinho com representantes do alto escalão da política nacional, com trechos dos programas da emissora na época (Domingão do Faustão, Fantástico e Xou da Xuxa, considerados pela produção do filme como fúteis) e com a situação de miserabilidade do Brasil: telespectadores que recebiam menos de um salário mínimo e assistiam todos os dias a Rainha dos Baixinhos oferecer um café da manhã delicioso ao público, quando boa parte daqueles que a assistiam em seus barracos sequer tinham um pedaço de pão para comer. Um verdadeiro paradoxo sociocultural."
2 comentários:
guilherme!
meu caro. tentei te ligar esses dias todos. acho que o mauro passou algum número errado ( ou eu copiei errado!
enfim. era pra saber se você sabe de algo lá no APM. enfim, não sei se dá mais tempo... talvez amanhã eu comece a trabalhar em outro lugar...
como foram as viradas?
vc abandonou o blog ou quá?
aquele abraço!
Barrão
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