sábado, 29 de março de 2008

Cidade Denorex


"Seattle me recebeu querendo provar que é uma cidade de falsas impressões. Primeira impressão (aparentemente) equivocada: o tempo. Após um demolidor vôo de 26 horas, com direito a mais de uma hora de atraso na decolagem de São Paulo e perda de vôo de conexão em Nova York, o avião atravessou as grossas nuvens e estacionou num aeroporto banhado pelos raios do sol poente, sob um céu azul.

O táxi me levou ao hotel e Seattle se apresenta não como a cidade chuvosa e cinza que sempre li e esperei que fosse. É uma cidade linda, com um centro cheio de prédios modernos, galerias de arte e restaurantes finos que filtram a riqueza de empresas como Amazom.com, Starbucks e Microsoft, que têm nesta cidade e região seus quartéis-generais.

Segunda impressão (aparentemente) equivocada: a população. Estatísticas mostram que a população latina do condado onde fica Seattle quase triplicou nos últimos 15 anos. Eu esperava sim, ver hispânicos logo de cara - ouvir o espanhol que me recebeu em cada canto de cada cidade americana que visitei até então.

Nada disso. Entre os passageiros que desembarcaram comigo, no aeroporto, nas ruas - não vi sequer uma pessoa que parecia ser latina. Vi muitas loiras magrinhas, barbudos ruivos e asiáticos de olhos puxados. Ah, e meu taxista, que era indiano. "Sim, aumentou o número de hispânicos nos últimos anos. Você vai encontrá-los mais no interior", disse ele.

Me sinto estranho com essa ausência. Vivi em Miami um ano, em 2004. Miami não é bem uma cidade americana, eu sei, é uma cidade em que a maior parte da população fala espanhol e inglês e até mistura as línguas no dia a dia.

Até hoje, para mim, Miami é minha casa "nos states". Estou "nos states", mas não sinto que estou. Aqui, sinceramente, parece que saber chinês é mais útil.

Encontro com meus colegas de viagem. José e Carlos estão fazendo seus últimos preparativos. Com eles vou andar quase 6 mil quilômetros atrás dos hispânicos (e brasileiros) perdidos nesse mundaréu gringo.

Eles garantem que, pelo menos em relação ao povo de Seattle, minhas primeiras impressões estão equivocadas e que o mundo latino também tem seu braço na cidade mais populosa do Estado de Washington. Logo pela manhã, prometem me provar isso. Cético, digo boa noite e vou para meu quarto.

Quanto ao tempo... ligo a tevê rapidamente para pegar no sono. A meteorologia prevê um cinza melancólico para esta sexta-feira. E chuva misturada com neve. Será que o sol do fim do dia foi só para me contrariar?"


quarta-feira, 26 de março de 2008

O dalai-lama na mira de Pequim - Estadão

O dalai-lama na mira de Pequim

"Os observadores internacionais não escondem a sua perplexidade com a escalada de ataques virulentos do governo chinês ao líder religioso e chefe do governo tibetano no exílio, o dalai-lama. Em meados do mês, como se recorda, protestos pacíficos de monges budistas, seguidos dos mais violentos distúrbios em quase duas décadas na região, eclodiram em Lhasa, a capital do Tibete, em 'comemoração' pelos 49 anos do fracassado levante de 1959 contra a anexação do país à China. Desde então, Pequim não cessa de apontar o septuagenário dalai-lama como o principal instigador das manifestações que teriam provocado pelo menos uma centena de mortes e um número indeterminado de pessoas feridas ou presas, além de se alastrar para as áreas da China com forte presença de tibetanos. A mais recente diatribe contra o líder pacifista, refugiado na Índia desde o levante de 1959 e agraciado com o Prêmio Nobel em 1989, saiu domingo no Diário do Povo.

O jornal oficial do Partido Comunista Chinês o acusa de conspirar 'para tornar reféns os Jogos Olímpicos de Pequim (em agosto), com a intenção de obrigar o governo a fazer concessões para a independência do Tibete'. O que deixa perplexos os diplomatas e analistas ocidentais que acompanham a crise é a irracionalidade da posição chinesa. Em primeiro lugar, os dirigentes comunistas sabem que, para decepção das entidades européias e americanas de defesa dos direitos humanos, o dalai-lama apoiou abertamente a afinal vitoriosa candidatura de Pequim a sediar a Olimpíada deste ano. E, embora tivesse classificado a repressão chinesa aos protestos como um 'genocídio cultural', em nenhum momento pediu o boicote aos Jogos. Segundo, a China tampouco ignora que, na semana passada, quando ameaçou renunciar à chefia do governo tibetano no exílio, a intenção do dalai-lama era apaziguadora. Com essa ameaça, tentava incitar seus compatriotas a dar por encerrados os protestos.

'A violência é contrária à natureza humana', pregou. A violência a que o dalai-lama se referiu foi certamente a que marcou as manifestações, dias antes, em Lhasa, quando turbas de tibetanos apedrejaram e saquearam casas comerciais pertencentes a chineses. (Esses e outros atos de vandalismo contra civis foram testemunhados por um único jornalista ocidental, o correspondente da revista Economist em Pequim, que previamente obtivera permissão para visitar o Tibete. No seu despacho, ele escreveu que 'a destruição foi sistemática'.) Em terceiro lugar, Pequim está farta de saber que o dalai-lama não aspira à 'independência' de sua terra. Em inumeráveis pronunciamentos, ele tem reivindicado para a chamada 'Região Autônoma do Tibete' uma autonomia cultural e administrativa como a de Hong Kong. Para negociar esse tipo de autonomia, enviados do 'mestre espiritual' budista se reuniram seis vezes, a contar de 2002, com representantes do governo chinês - sem qualquer resultado.

É notório que a resistência da China se explica pelo temor do contágio. No vasto território do antigo Império do Meio, os tibetanos não são o único grupo étnico a aspirar a alguma forma de autonomia. Em 2005, por exemplo, a mão pesada de Pequim se abateu sobre os militantes uigures da região predominantemente muçulmana de Xinjiang, no noroeste chinês. A Mongólia Interior é outro foco de sentimentos nacionalistas. Ainda assim, 'se a China fizesse uma análise racional de seu próprio interesse a longo prazo', argumenta o historiador Timothy Garton Ash, em artigo transcrito na edição de domingo do Estado, trilharia o caminho sugerido pelo dalai-lama: uma autonomia negociada para o Tibete, sem chegar à independência plena. Ash, que viveu na antiga República Democrática Alemã, acredita que 'a dubiedade característica dos regimes repressores' é o que explica a insensibilidade chinesa à importância do dalai-lama como protagonista de uma solução pacífica para a questão tibetana.

Para a China, o dalai-lama é 'uma relíquia feudal' - o que não impede as autoridades de Pequim de 'falar nele obsessivamente', nota o historiador. Para um observador ocidental é quase impossível compreender a incapacidade do governo chinês de entender as vantagens que lhe traria um relacionamento com o Tibete nas condições propostas pelo seu líder religioso."

terça-feira, 25 de março de 2008

Saída pela porta da frente

"Meu blog no iG acaba com este post. Solidarizo-me com Paulo Henrique Amorim por razões que transcendem a nossa amizade de 41 anos. O abrupto rompimento do contrato que ligava o jornalista ao portal ecoa situações inaceitáveis que tanto Paulo Henrique quanto eu conhecemos de sobejo, de sorte a lhes entender os motivos em um piscar de olhos. Não me permitirei conjecturas em relação ao poder mais alto que se alevanta e exige o afastamento. O leque das possibilidades não é, porém, muito amplo. Basta averiguar quais foram os alvos das críticas negativas de Paulo Henrique neste tempo de Conversa Afiada."

Mino Carta sobre a saída de PAULO HENRIQUE AMORIM.

É com tristeza que vejo ambas as saídas do portal. Tornam nosso já sofrido país ainda menos democrático no quesito acesso à informação e liberdade de expressão/ opinião.

Não faltarão, entretanto, oportunidades para continuar a se fazer o que se começou. Não são muitas, é verdade! MAS CERTAS PESSOAS NÃO ESTÃO À VENDA!! Por isso apoio a ruptura de ambos com o IG.

domingo, 16 de março de 2008

Sessão Bravo! O Último Beijo


Mais um filme selecionado para meus queridos leitores!

O Último Beijo [The Last Kiss] é um filme pra lá de interessante. Mostra como poucas vezes vi os tipos ideais que normalmente rondam os relacionamentos a dois.

Os temas abordados são os mais comuns: o terror de ser deixado(a), a lacinante dor de uma traição, o desgaste que acomete a relação quando da chegada dos filhos, a facilidade com que se esquece de um parceiro de anos a fio, a vingança, a desconfiança, o tédio, a rotina, o que pensamos saber da vida... Tudo isso e mais um pouco pode ser conferido por quem o assistir!

(...)

Aussie, sexy, cool... Adjetivos não faltam para quem nunca havia visto a deslumbrante Jacinda Barrett contracenando com Zach Braff [foto acima]. Logo se enxerga para além de sua cintilante beleza uma promissora atriz, de quem - arrisco afirmar - provavelmente muito ouviremos falar daqui pra frente.

Sua passionalíssima interpretação facilmente leva o mais frio dos telespectadores a mergulhar no dilema em que sua personagem se vê imersa ao longo da trama.

Mas não quero determinar impressões. Tirem suas próprias conclusões... Adios amigos!!

P.S: Como diria um provérbio inglês, existem duas maldições: desejar e conseguir o que se desejou!

A "Vaguidão Específica"


"As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica." Richard Gehman

- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.
- Junto com as outras?
- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.
- Sim senhora. Olha, o homem está aí.
- Aquele de quando choveu?
- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
- Que é que você disse a ele?
- Eu disse pra ele continuar.
- Ele já começou?
- Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
- É bom?
- Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
- Você trouxe tudo pra cima?
- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar até a véspera.
- Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite.
- Está bem, vou ver como."

Ri a pampa com esse diálogo do Millôr sobre as mulheres e seu delicioso e único jeito de ser!

sábado, 15 de março de 2008

segunda-feira, 10 de março de 2008

Amar é...


Amar é... Dar um cheque em branco!

É sabio, porém, levar em conta o princípio da reciprocidade. Jamais dê muito mais do que v. recebe de seu cônjuge. Muita liberalidade pode facilmente se converter em ira desmedida, e não sem razão é o que costuma ocorrer.

Contenha-se, se for o caso, dando oportunidade também ao outro de se manifestar com a mesma medida de autodoação. Afinal, precisamos reciprocamente nos alimentar das atitudes positivas do outro.

Se entregar o que lhe é valioso logo de cara, você provavelmente vai descontá-lo antes do tempo. E tenha cuidado pra quem você o entrega... As pessoas podem mudar. Sempre. Fique atento aos sinais. São sutis, mas sempre aparecem.

Por último, finalizo com a seguinte lei empírica do amor: é irrenunciável deixar sempre algum espaço reservado no coração para se surpreender, para ser conquistado pelo outro.

Sem querer causar insegurança, é preciso que a possibilidade da perda do outro esteja sempre visível para ambos. Somente arriscamos aquilo que não é mais importante para nós; ou aquilo que temos a mais arraigada certeza - mesmo ilusória - de que jamais perderemos.

O amor só exige uma coisa: dar o que for preciso pra dar certo!

Música romântica para este post: Warning sign, Coldplay