sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Divórcios e novelas globais: tudo a ver!


É, meus caros, parece que assistir a novelas influencia não apenas o linguajar adotado no dia-a-dia, nem tampouco a apenas alguns adereços descartáveis usados e popularizados principalmente pelas mulheres no decorrer de algumas tramas. Um estudo recente liga o aumento do número de divórcios com o nível do alcance do sinal da TV Globo rincões afora, e em especial, é claro, do acesso às novelas globais.

Saiu uma matéria sobre esse tema no Estadão aqui. Reproduzo alguns trechos que considero especialmente interessantes:

"Segundo os autores do estudo, Alberto Chong e Eliana La Ferrara, "a parcela de mulheres que se separaram ou se divorciaram aumenta significativamente depois que o sinal da Globo se torna disponível" nas cidades do país.

Além disso, a pesquisa descobriu que esse efeito é mais forte em municípios menores, onde o sinal é captado por uma parcela mais alta da população local."

Comentário:

Assim, chegamos então ao óbvio do óbvio: conteúdo algum é neutro, desprovido de objetivos e intencionalidades.

Tanto mais se estamos tratando da Rede Globo, cujo objetivo-mor é tentar há zil anos passar seus valores pouco afeitos à saúde da família tradicional, através principalmente do entretenimento.

Não é de se admirar que suas novelas, nas quais, reparem, não há, repito, não há famílias em que hajam figuras positivas de pai e mãe, que sejam representadas como realizadas e felizes, mas, ao contrário, com seus membros em permanente crise existencial e cujo enfoque é dado de modo tão individualista que se apresenta de forma irretorquível à conclusão desejada: de que tudo é permitido!

"O enredo das novelas freqüentemente inclui críticas a valores tradicionais e, desde os anos 60, uma porcentagem significativa das personagens femininas não reflete os papéis tradicionais de comportamento reservados às mulheres na sociedade.

Foram analisadas 115 novelas transmitidas pela Globo entre 1965 e 1999. Nelas, 62% das principais personagens femininas não tinham filhos e 26% eram infiéis a seus parceiros."

É tudo o que não precisamos, como indivíduos ou sociedade. E infelizmente a tv tomou o lugar que era da escola. Ao invés de a auxiliar, como a web deve fazer, ela simplesmente a substituiu.

Precisamos de referências positivas, de pai e mãe presentes, que juntos ou não, no dêem limites, aprendam a nos dizer NÃO e nos ensinem a fazer o mesmo com os outros quando preciso. Cadê o autocontrole, para gastar melhor o suado dinheiro, para calar sabiamente frente à tolice, para falar o necessário frente à estupidez? Nada disso parece ser suficientemente importante para os badalados autores das comentadas novelas.

É claro que não ignoro que há uma crítica ao estilo de vida tradicional, atualmente em crise, que deve, sim, ser feita. Mas feita, até mesmo destruindo-o para se colocar algo melhor no lugar, senão o niilismo poderá tomar o lugar onde algo de bom poderia estar sendo construído.

Numa sociedade que só enxerga o próprio umbigo é difícil até procurar referências de boas decisões, de exmploes de vida em quem possamos nos espelhar pelo menos até formarmos nosso caráter e personalidade. Eu também me incluo nessa dificuldade, não estou no limbo. Em parte, penso que isso se dá porque meus pais já são aquela primeira geração, anos 60, que se tornou autocentrada e individualista. A minha geração é apenas a agudização de tal processo. Triste legado, de difícil reversão. Mas uma mutação jaz à porta. Resta saber se pra melhor ou pior.

As razões religiosas de Israel contra seus desorganizados e desunidos vizinhos árabes

A visão sagrada de Israel

Duas coisas chamam a atenção nesta ultima guerra: a inclemência de Israel, e sua indiferença com relação à comunidade internacional. Mas existe um aspecto desta história que quase não se menciona, como se as “visões sagradas” do mundo e da história fossem uma característica exclusiva dos países islâmicos.

“Se o Hamas quer acabar com Israel, Israel tem que acabar com o Hamas antes”.

(Efraim, 23 anos, estudante de uma escola religiosa de Jerusalem, FSP 24/01/2009)

Durante vinte e um dias de bombardeio contínuo, Israel lançou 2500 bombas sobre a Faixa de Gaza – um território de 380 km2 e 1.500 milhão de habitantes - deixando 1300 mortos e 5500 feridos, do lado palestino, e 15 mortos, do lado militar israelita. A infra-estrutura do território foi destruída completamente, junto com milhares de casas e centenas de construções civis. E é provável que Israel tenha utilizado bombas de “fósforo branco” - proibidas pela legislação internacional com conseqüências imprevisíveis, no longo prazo, sobre a população civil, em particular a população infantil.

Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, se declarou “horrorizado”, depois de visitar o território bombardeado, e considerou “escandalosos e inaceitáveis” os ataques israelitas contra escolas e refúgios mantidos em Gaza, pelas Nações Unidas. Richard Falk, relator especial da ONU sobre a situação dos Direitos Humanos em Gaza, também declarou que, “depois de 18 meses de bloqueio ilegal de alimentos, remédios e combustível, Israel cometeu crimes de guerra, e contra a humanidade, na sua última ofensiva contra os territórios palestinos. Crimes ainda mais graves porque 70% da população de Gaza tem menos de 18 anos” .

Dentro de Israel, entretanto - com raras exceções - a população apoiou a operação militar do governo israelita. Mais do que isto, as pesquisas de opinião constataram que o apoio da população foi aumentando, na medida em que avançavam os bombardeios, até chegar a índices de 90%. E no final, na hora do cessar-fogo, metade desta população era favorável à continuação da ofensiva, até a reocupação de Gaza e a destruição do Hamas. (FSP, 24/01/09).

Seja como for, duas coisas chamam a atenção – de forma especial - nesta ultima guerra: a inclemência de Israel, e sua indiferença com relação às leis e às críticas da comunidade internacional. Duas posições tradicionais da política externa israelita, que têm se radicalizado cada vez mais, e são quase sempre explicadas “escalada aos extremos” do próprio conflito. Mas existe um aspecto desta história que quase não se menciona, ou então é colocado num segundo plano, como se as “visões sagradas” do mundo e da história fossem uma característica exclusiva dos países islâmicos.

Desde sua criação, em 1948, Israel se mantém sem uma constituição escrita, mas possui um sistema político com partidos competitivos e eleições periódicas, tem um sistema de governo parlamentarista segundo o modelo britânico, e mantém um poder judiciário autônomo. Mas ao mesmo tempo, paradoxalmente, Israel é um estado religioso, e uma grande parte da sua população e dos seus governantes, tem uma visão teológica do seu passado, e do seu lugar dentro da história da humanidade.

Israel não tem uma religião oficial, mas é o único estado judeu do mundo, e os judeus se consideram um só povo, e uma só religião que nasce da revelação divina direta, e não depende de uma decisão, ou de uma conversão individual: “se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis uma propriedade peculiar entre todos os povos. Vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êxodo, 19, 5-6).

Alem disto, o judaísmo estabelece normas e regras específicas e inquestionáveis que definem a vida quotidiana e comunitária do seu povo, que deve se manter fiel e seguir de forma incondicional as palavras do seu Deus, mantendo-se puros, isolados e distantes com relação aos demais povos e religiões: “não seguireis os estatutos das nações que eu expulso de diante de vós...Eu Javé, vosso Deus, vos separei desses povos. Fareis distinção entre o animal puro e o impuro..não vos torneis vós mesmos imundos como animais, aves e tudo o que rasteja sobre a terra” (Levítico, 20, 23-25).

Para os judeus, Israel é a continuação direta da história deste “povo escolhido”, e por isto, a sua verdadeira legislação ou constituição são os próprios ensinamentos bíblicos. O Torá conta a história do povo judeu e é a lei divina, por isto não pode haver lei ou norma humana que seja superior ao que está dito e determinado nos textos bíblico, onde também estão definidos os princípios que devem reger as relações de Israel com seus vizinhos e/ou com seus adversários. Em Israel não existe casamento civil, só a cerimônia rabínica, e os soldados israelenses prestam juramento com a Bíblia sobre o peito e com a arma na mão: “Javé ferirá todos os povos que combateram contra Jerusalém: ele fará apodrecer sua carne, enquanto estão ainda de pé, os seus olhos apodrecerão em suas órbitas, e a sua língua apodrecerá em sua boca.” (Zacarias, 14, 12-15)

As idéias religiosas dos povos não são responsáveis nem explicam necessariamente as instituições de um país e as decisões dos seus governantes. Mas neste caso, pelo menos, parece existir um fosso quase intransponível entre os princípios, instituições e objetivos da filosofia política democrática das cidades gregas, e os preceitos da filosofia religiosa monoteísta que nasceu nos desertos da Ásia Menor. Mas o que talvez seja mais importante do ponto de vista imediato do conflito entre judeus e palestinos, e do próprio sistema mundial, é que Israel - ao contrário dos palestinos – junto com sua visão sagrada de si mesmo, dispõe de armas atômicas, e de acesso quase ilimitado a recursos financeiros e militares externos.

Com estas idéias e condições econômicas e militares, Israel seria considerado – normalmente - um estado perigoso e desestabilizador do sistema internacional, pela régua liberal-democrática dos países anglo-saxônicos. Mas isto não acontece porque no mundo dos mortais, de fato, Israel foi uma criação e segue sendo um protetorado anglo-saxônico, que opera desde 1948, como instrumento ativo de defesa dos interesses estratégicos anglo-americanos, no Oriente Médio. Enquanto os anglo-americanos operam como a âncora passiva do “autismo internacional” e da “inclemência sagrada” de Israel.


José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Silio Boccanera entrevista Ilan Pappe

Muito atual a entrevista, que coloca Israel em xeque quanto às atitudes históricas de sua formação como Estado.

A propósito, Pappe não é católico como podem sugerir alguns, mas judeu, da gema.

Segue o link.

O último(?) legado de Lula

Do Estadao, hoje:

''Julgamento de Battisti na Itália foi uma farsa''
ENTREVISTA - Fred Vargas: historiadora
Vannildo Mendes, BRASÍLIA

Defensora do extremista Cesare Battisti, a escritora, arqueóloga e historiadora francesa Fred Vargas afirma que ele foi submetido a um julgamento viciado na Itália. Com oito livros publicados, ela está no Brasil como coordenadora da cruzada pela libertação de Battisti, condenado à prisão perpétua por quatro homicídios na Itália na década de 70. A seguir, trechos de entrevista concedida ao Estado.A senhora não considera absurdo que Cesare Battisti fique impune nos quatro crimes pelos quais foi condenado?Battisti não cometeu os crimes. O julgamento foi uma farsa. Seus advogados atuaram com falsos mandatos e se prestaram a um papel sujo. Ele foi condenado à revelia num processo totalmente viciado.Mas a Itália é uma democracia...O país viveu um período secreto nos anos de chumbo da década de 70. A Anistia Internacional denunciou o emprego sistemático de torturas por dez anos. A justiça italiana guarda segredos inconfessáveis daquele período nebuloso, como o de usar "arrependidos" como única prova para incriminar pessoas. Foi o caso de Pietro Mutti, chefe de uma facção do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), que incriminou Battisti para se safar.O que lhe dá a certeza da inocência de Battisti? Em junho de 78, o PAC matou Antônio Santoro (agente penitenciário acusado de maltratar presos políticos). Veementemente contra a execução, Battisti discutiu asperamente com Pietro Mutti, o maior defensor. Voto vencido, Battisti formou uma dissidência e estava fora do PAC quando foram cometidos os outros três assassinatos dos quais é acusado."

Ainda que seja tudo isso verdade, cabe ao Brasil fazer uma ingerência, uma afronta à soberania italiana??

Na Carta Maior:

"Não responsabilização por crimes da ditadura pode condenar Brasil na OEA
Para Corte Interamericana de Direitos Humanos, crimes das ditaduras da América do Sul são crimes contra a humanidade e não estão sujeitos à prescrição e leis de anistia. Chile já foi condenado por não punir responsáveis por tortura, assassinatos e desaparecimentos forçados. Procurador da República Marlon Weichert (foto) diz que Brasil pode sofrer mesma punição. País não possui nenhum processo de responsabilização criminal pelos crimes da ditadura.
Bia Barbosa>>VEJA ÁLBUM DE FOTOS>>
Ao contrário de nossos vizinhos na América Latina, o Brasil não possui hoje nenhum processo de responsabilização criminal pelos crimes da ditadura militar em andamento. Após décadas do término de um dos períodos mais sombrios de nossa história, ninguém foi condenado ou sequer está sendo processado criminalmente pelas barbaridades cometidas nos porões do Exército. Em debate realizado durante o Fórum Mundial de Juízes, em Belém (PA), neste domingo (25), o procurador regional da República em São Paulo, Marlon Weichert, afirmou que esta condição pode levar à condenação do Estado Brasileiro pela Corte Interamericana dos Direitos Humanos. À luz de um caso chileno, que levou o país a ser condenado pela Corte por não processar agentes que tinham praticado atos de tortura e homicídio na ditadura de Pinochet, a Corte tomou uma decisão paradigmática no que diz respeito à responsabilização por crimes desta ordem. Afirmou que desaparecimentos forçados são crimes sobre os quais não incide a prescrição da pena, já que pode ser considerado um crime ainda em andamento. Da mesma forma, afirmou que crimes contra a humanidade não podem ser deixados impunes em função da edição de leis nacionais de anistia. ”Se os países vizinhos encontraram um caminho jurídico para ir contra esta impunidade e trazer alguma solução à ferida aberta, precisamos conhecê-lo. Estamos convencidos de que este caminho existe e é perfeitamente compatível com a Constituição Federal brasileira”, disse a também procuradora da República em São Paulo Eugênia Fávero.No Brasil, pelo menos dois casos de responsabilização criminal – pela morte de José Luiz da Cunha e do jornalista Vladimir Herzog – foram arquivados sob o argumento de o Brasil não ratificou a convenção da ONU sobre a imprescritibilidade de crimes contra a humanidade. “Mas o Chile também não ratificou e foi condenado. Neste cenário, tenho convicção de que, se os familiares das vítimas acionarem a Comissão Interamericana contra a omissão do Estado brasileiro, estes casos chegarão à Corte e o Brasil será condenado”, afirmou Marlon Weichert. Em 2005, as Nações Unidas recomendaram que o Brasil deveria considerar todos os meios possíveis de responsabilização penal, civil e administrativa pelos delitos cometidos durante a ditadura militar. Ou seja, que o país deveria ir além das indenizações financeiras já pagas pelo Estado. Para a ONU, países que passaram por regimes de exceção, para evitar que a quebra do Estado Democrático de Direito se repita no futuro, devem implementar medidas do que se chama, no campo jurídico, de justiça transicional. Tal justiça inclui: - a revelação da verdade, mediante a abertura de arquivos do período e a criação de comissões da verdade imparciais; - a responsabilização pessoal dos perpetradores de graves violações de direitos humanos, entendendo que a situação de impunidade é fator de inspiração e dá confiança a quem adota práticas violadoras de direitos; - a reparação patrimonial dos danos às vítimas, através de indenizações financeiras; - reformar institucionalmente os serviços de segurança, expurgando de seus quadros quem propagava a teoria do período; - instituir espaços de memória, para que as gerações futuras saibam que, no país, se praticou o terror em nome do Estado. “Países que não fizeram justiça transicional têm hoje um nível de promoção dos direitos humanos muito inferior daqueles que a promoveram. O Brasil, por exemplo, tem os piores índices de direitos humanos quando comparado com Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia”, disse Weichert. “Sem falar que há uma ambiguidade na postura do país: perante a comunidade internacional, o Estado Brasileiro defende a obrigação dos países de punir os crimes contra a humanidade. Foi assim no caso dos tribunais de Ruanda, da Iugoslávia e nas decisões da Corte Interamericana. Mas, ao aplicarmos o direito interno, dizemos que temos que considerar a anistia e a prescrição. Isso significa dizer: o Brasil vai ser condenado na corte Interamericana e tudo bem”, critica o procurador da República. “A situação é tão dramática que, assim como Pinochet foi processado pela justiça espanhola pelos crimes que cometeu no Chile, a justiça argentina ou de qualquer país pode vir a processar os crimes se o Brasil não o fizer. Um crime contra a humanidade desperta a jurisdição universal e qualquer país pode assumir essa responsabilidade”, conclui. Abertura dos arquivosPara chegar à condenação de responsáveis pelos crimes da ditadura o Brasil ainda tem um desafio grande a ser enfrentado, um primeiro passo a ser dado: abrir os arquivos do período militar, colocando em prática o primeiro ponto de qualquer processo de reparação por violações de direitos humanos: a revelação da verdade. Recentemente, o governo brasileiro declarou à imprensa que os documentos do SNI haviam sido levados para o Arquivo Nacional e estavam disponíveis para consulta. Foram. No entanto, o decreto que autoriza o transporte dos documentos também diz que o sigilo de tais documentos segue respondendo à lei que regulamenta o acesso à informação. “Esses arquivos trocaram de lugar mas o sigilo seguiu mantido. Vários documentos foram abertos e trazem informações importantes do período. Mas muita coisa não está lá, como diversos anexos citados. Certamente foram destruídos”, acredita Eugênia Fávero. “Agora, mesmo com a lei que admite o sigilo eterno, o Presidente da República pode, a qualquer momento, levantar o sigilo desses documentos. Então por que ele não faz? E lá fora diz que faz? Por que é um tabu tão forte? A quem se deve isso? Não haveria ninguém com mais autoridade do que o presidente Lula para virar esta página como ela tem que ser virada, em vez de colocar uma pedra em cima disse”, avalia.Um exemplo de uma informação estratégica, que poderia contribuir na identificação de corpos de diversos militantes contra a ditadura, seria o acesso à planta básica de uma base aérea que funcionou na região do Araguaia. O Ministério Público Federal participou de uma investigação na região e identificou pessoas que estariam enterradas nesta base. O Exército até hoje se recusa a fornecer a planta original do local, para identificar este cemitério clandestino. “Temos convicção de que existem muitos documentos que, se forem conciliados com outras fontes históricas, permitiriam a reconstituição de muitas informações. Mas o Estado Brasileiro segue negando o acesso a essas informações e, assim, proibindo as famílias de enterrarem em definitivo seus entes. Tudo isso para preservar a biografia de meia dúzia de torturadores”, acusa Marlon Weichert. “Mas 2009 será um ano importante nesta luta. O STF (Supremo Tribunal Federal) vai se posicionar sobre a lei de anistia, a Comissão Interamericana deve se pronunciar sobre o Araguaia e a sociedade começou a debater este tema. Deixou de ser uma questão interditada. Acho que estamos ainda no primeiro minuto do primeiro tempo deste jogo”, concluiu.

A crise dos grandes jornais - por Bernardo Kucinski da Agência Carta Maior

De repente, não mais que de repente, grandes jornais do mundo Ocidental entraram em crise financeira aguda. Entre eles o New York Times, ícone do capitalismo Ocidental, o El Pais, símbolo do novo expansionismo ibérico, o poderosos Chicago Tribune e o veterano Christian Science Monitor. Estão sem caixa. Alguns, venderam seus prédios, outros buscam injeções de capital, redações foram reduzidas à metade. O Christian Science Monitor deixou de vez a forma impressa, ficando só na internet.. Será o começo do fim da era dos grandes jornais?

Ignácio Ramonet apontou ,no Fórum de Mídia Livre desta segunda feira, para a estreita relação, quase que orgânica, entre o capital financeiro e os grande grupos de mídia. É como os bancos fornecessem o combustível dos conglomerados midiáticos. Quando advém ao estrangulamento do crédito, principal mecanismo desta crise depois do colapso dos grandes bancos americanos e alguns europeus, precipita-se uma situação de insolvência que já vinha tomando forma desde que a internet começou a comandar a dinâmica do jornalismo.

Para Ramonet , o aprofundamento e o espalhamento da recessão econômica, etapa seguinte desta crise, afeta profundamente o modo de produção da grande mídia, principalmente ao reduzir sua principal fonte de financiamento, a publicidade.

São três pauladas sucessivas na grande mídia impressa. Primeira paulada: o esvaziamento de suas funções pela internet, processo de natureza estrutural que deverá se aprofundar . Segunda paulada: o estrangulamento do crédito, fator apenas temporário mas que precipitou decisões radicais, algumas irreversíveis.Terceira paulada:a queda das receitas publicitários, que está apenas no começo , devendo perdurar pelo tempo das grandes recessões, em geral três a cinco anos.

Os grandes jornais já vinham sofrendo há muito tempo a erosão de suas funções editoriais principais, apontaram nessa mesma sessão do Fórum os jornalistas Pascual Serrano do site Rebellion, e Luiz Navarro, do La Jornada. Na invasão do Iraque, por exemplo, a grande mídia americana tornou-se uma disseminadora de mentiras geradas pelo governo. Com isso, negou sua função jornalística principal de asseverar verdades.Também perdeu sua função mediadora, na medida em que abandou a mediação dos grandes problemas que efetivamente interessam à população .E mais; perdeu legitimidade, perdeu autenticidade.

Conclusão: mais empresas e grupos midiáticos devem fechar jornais nos próximos meses. O novo príncipe, como Octavio Ianni definiu o poder midiáticos dos nossos tempos, está em crise existencial.

Bom para a democracia? Talvez não. Ruim com os grandes jornais, pior sem eles. A democracia de massa precisa meios de comunicação de massa para funções de mediação e agendamento do debate nacional e mundial, que a mídia pequena ou alternativa não tem escala para exercer.

O que interessa à democracia é que esse espaço, o da comunicação de massa seja habitado por uma mídia mais plural, mais comprometida com os valores humanos e menos com os ditames do capitalismo. Vários participantes desse debate apontaram para a necessidade do campo popular disputar a hegemonia da grande imprensa, com projetos de mesmo porte.

Também foram cobradas políticas publicas mais audazes de democratização do espaço midiático por parte dos novos governos da América do Sul. E mais empenho das entidades mais poderosas da sociedade civil na ocupação desse espaço. A hora é agora, quando a crise jogou os tycoons da comunicação na defensiva, e as novas tecnologias favorecem o pluralismo no espectro eletromagnético e barateiam a produção dos meios impressos.


Bernardo Kucinski, jornalista e professor da Universidade de São Paulo, é colaborador da Carta Maior e autor, entre outros, de “A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro” (1996) e “As Cartas Ácidas da campanha de Lula de 1998” (2000).

:: Coincidência ou não, hoje me ligaram da Folha me oferecendo exemplares impressos gratuitamente por um curto período... Sinal dos tempos!

Preparem-se, pois daqui a pouco tempo, 6 meses a 1 ano, talvez tenhamos de nos desacostumar com a vida impressa da imprensa como a conhecemos hoje.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Battisti, novamente - blog do Mino

"Até mesmo a Veja, que na semana passada aventou a possibilidade de que Tarso Genro estivesse certo ao dar asilo a Cesare Battisti, volta atrás na edição que está nas bancas. Com informações precisas, a provar que o homem foi terrorista. Não pretendia voltar ao assunto no blog, mas tenho em mãos informações oficiais do a respeito do Batistti pré-terrorista. E não perco a oportunidade de divulgá-las imediatamente, enquanto correm rumores de que no Fórum Social de Belém pretende-se prestar homenagem a este novo herói da esquerda saudosista, disposta a trafegar entre a hipocrisia e o vácuo. Vamos lá.

:: Aos 18 anos, em 1972, Battisti foi preso nas vizinhanças de Roma, por "furto agravado";
:: Dois anos depois foi preso em Sabaudia, no Lazio, por "rapina agravada" e "sequestro de pessoa";
:: Meses depois foi denunciado por ter sequestrado pessoa incapaz, para a prática de atos de libido violenta";
:: Em 1977 é preso em Udine, norte da Itália, por rapina.

Trata-se, indiscutivelmente, da ficha de um criminoso. Registro de profícuo ensaio para a atividade posterior, iniciada em 1978, quando Battisti mata aquele que fora seu carcereiro em Udine, Antonio Santoro, casado com três filhos."

Hoje a Itália chamou de volta seu embaixador no Brasil para prestar esclarecimentos sobre o caso, depois do Governo brasileiro ter arquivado o processo de extradição do assassino fujão. Na linguagem diplomática internacional isso corresponde a uma enorme indisposição. Justificada, na minha opinião. Afinal que tem Tarso Genro, nosso tíbio ministro da Justiça, com o processo e suas eventuais e falhas, que se deram em terreno italiano, num país tão soberano quanto o nosso. Quer ele ditar como devem fazer justiça na Itália? Fica minha perplexidade com esse desgaste desnecessário.

Seguindo o argumento de PHA (que supõe em tal desgaste o intuito de salvar Dirceu e outros esquerdinhas), na minha opinião está custando muito caro para a imagem do país, logo num momento em que os emergentes adquirem nova importância na geopolítica mundial.

Só pra constar, como disse o Boechat ontem na BandNewsFM, a Itália e o Brasil tem um comércio vigoroso da ordem de 6bi. Sabemos que ambos não se deixarão abater por Battisti, pois em última instância o que manda, como sabemos, é a grana, sempre ela.

Ainda Gilmar - do blog do Nassif

"Por Professor

Prezado Nassif:

A desfaçatez de Gilmar Mendes à testa de nosso STF é cada vez mais constrangedora. Egolatria e jogo de cena para as manobras não têm faltado para demonstrar isso. Após a revelação dos jogos do ministro-empresário-conferencista, cujo passado institucional na AGU é jogado para baixo do tapete, agora vemos a nova faceta do Supremo Presidente: lobista e reconstrutor da república…

Não é papel do supremo ficar propondo leis de “pactos republicanos”. O Brasil é uma república constitucional devidamente estabilizada e com os poderes políticos convenientemente repartidos na Constituição. O Executivo e o Legislativo são os poderes adequados para a discussão de leis em abstrato. A Constituição reservou ao Supremo a formatação do orçamento e a iniciativa para a proposta do novo Estatuto da Magistratura (o atual é de 79), e das leis visando à sua auto-organização. Por que GM não trata do novo estatuto da magistratura, ou da reformatação da corte constitucional brasileira aos moldes de suas tão estimadas cortes constitucionais européias (mandatos fixos dos juízes, mudanças na forma de escolha dos juízes etc)?

A tática de GM desde que assumiu a presidência do STF é de uma dupla encenação. Ele tem se esforçado ao máximo para criar uma imagem pública favorável a si próprio, como ao “encampar” a luta contra a superlotação dos presídios ou ao fazer um convênio com a CBF para ações contra o trabalho infantil, tudo devidamente divulgado no site do STF que foi reformulado a partir de sua assunção à presidência.
Por outro lado, a precipitação da Satiagraha e a atuação suspeitíssima de GM nos dois HCs puseram abaixo a fumaça das boas ações por ele engendradas e fizeram com que fosse desesperadamente necessária uma ação de salvamento da imagem pública de GM.

Primeiro veio a transformação de GM em “paladino do Estado de Direito” e depois em “mártir do abuso policial”. Para isso o Supremo Presidente contou com a omissão conivente de seus pares e com a ativa participação de setores da mídia e de órgãos de classe interessados nessa bajulação - associações de advogados e entidades empresariais, basicamente.

Essas farsas já estão sendo paulatinamente desmontadas, mas seus efeitos ainda perduram nos círculos que estão interessados nessa pantomima.

Falar em “punição do abuso de autoridade”, “controle de grampos” ou “orçamento da união” é desespero da continuação de um lance farsesco e diversionista do presidente do STF. Trata-se da criação de uma nova “agenda positiva” a partir da “vitimização” do Supremo Presidente. Pior: é uma nova rodada de distorção das funções do STF e da imagem institucional da corte suprema no quadro da república brasileira.
Sabemos que existem setores receptivos a essas manobras na mídia e no congresso nacional. Podemos contar com alguma reação de parlamentares sérios ou de nosso tíbio Ministro da Justiça?

Perdoe a extensão do comentário; é reflexo de indignação pessoal."

I rest my case.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Ainda Battist, desvendando os bastidores


O quadro acima é uma conclusão de Paulo Henrique Amorim, falando sobre os bastidores.
Deu no Estadão -

Brasil é complacente com assassino, diz 'Economist'
Revista comenta 'loucura do asilo' no caso do italiano Cesare Battisti.

- O Brasil está sendo complacente, sem uma razão convincente, com um assassino condenado pela Justiça, diz a revista britânica Economist na edição que chegou às bancas nesta sexta-feira. Em um artigo que leva o título "A loucura do asilo", a revista se refere ao caso do italiano Cesare Battisti, que recebeu asilo no Brasil, causando um mal-estar diplomático com a Itália, que quer sua extradição. A revista abre o texto dizendo que o Rio de Janeiro, "com sua gigantesca estátua de Cristo oferecendo redenção sem limites, é um lugar atraente para se viver como fugitivo da Justiça". "Claude Rains elegantemente se escondeu ali em um dos melhores filmes de Hitchcock (Interlúdio, de 1946). Ronald Biggs, depois de roubar um trem em 1963, trocou uma prisão britânica pela praia de Copacabana - causando mais inveja do que difamação". Battisti "se juntou a esse grupo, depois que de receber status de refugiado político do Brasil", diz a reportagem. Para a Economist, pouca gente na Itália tem dúvidas de que o julgamento de Battisti, ex-militante de esquerda condenado pelo assassinato de dois policiais nos anos 70 e pelo seu envolvimento na morte de um açougueiro e de um joalheiro, foi justo. Enquanto ele esteve exilado na França, diz a Economist, os governos francês e italiano discutiram o caso, mas "o governo da Itália esperava que o Brasil fosse mais prestativo". "Mas seus protestos foram recebidos com descaso pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do tipo reservado para ocasiões em que ele pensa que um país mais desenvolvido está tentando dizer ao Brasil o que fazer." Para a Economist, as razões do Brasil para proteger Battisti não são convincentes. "O ministro da Justiça, Tarso Genro, se referiu à tradição do país de receber exilados políticos, variando de Alfredo Stroesner, um ex-ditador particularmente odioso (do Paraguai), a Olivério Medina, um ex-guerrilheiro (da Colômbia). Agora que a democracia é a norma nas Américas, esta tradição é anacrônica", diz a revista. "Genro também parece acreditar que Battisti foi condenado por crimes políticos, e não por assassinato." Segundo a Economist, dois sentimentos parecem estar por trás da decisão de Tarso Genro. Um seria "a relutância do Brasil em examinar seu próprio passado - toda vez que surge a questão de se investigar o regime militar, ela é rapidamente posta de lado, ao contrário do que ocorreu no Chile e na Argentina". O outro seria "a solidariedade, encontrada entre alguns membros do PT que eram militantes da extrema esquerda nos anos 70". "Na Itália, que perdeu um ex-primeiro-ministro para as Brigadas Vermelhas e teve um assessor do governo assassinado em 2002 por seus imitadores, as atitudes são muito menos indulgentes", conclui a reportagem.

E outra do Estadão

O governo da Itália entrou nesta sexta-feira (23) com uma petição no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando o direito de se manifestar no processo em que a Corte decidirá se liberta o ex-ativista italiano Cesare Battisti. Na última terça (20), o advogado do país no Brasil, Nabor Bulhões, já havia antecipado que entraria com o pedido no Supremo.

No mesmo dia, o embaixador da Itália no Brasil, Michele Valensise, se reuniu com o presidente do STF, Gilmar Mendes, e pediu que o Supremo ouça primeiro a Itália antes de decidir se vai libertar Battisti e, ainda, se vai arquivar o pedido de extradição.


No encontro, o embaixador manifestou a Mendes a “perplexidade” do governo da Itália sobre a decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro, que, no último dia 13 concedeu refúgio político a Battisti. O ex-ativista está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, desde março de 2007.

O Supremo ainda aguarda um parecer da Procuradoria-Geral da República sobre o assunto. Com o documento, a Corte vai analisar o pedido de revogação da prisão preventiva da Battisti e decidir se suspende ou não o processo que pede a extradição.

É possível que o caso seja resolvido somente a partir do dia 2 de fevereiro, quando começa o ano judiciário. A concessão do refúgio a Battisti gerou um incidente diplomático entre Brasil e Itália, que recebeu a notícia com indignação, uma vez que Battisti era tido como um dos chefes da organização de extrema esquerda ''Proletários Armados pelo Comunismo."



Ele foi condenado à prisão perpétua em seu país, em 1993, por envolvimento em quatro assassinatos cometidos entre 1978 e 1979. Ele sempre negou os crimes.

Carta

Na quinta-feira (22), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma carta de resposta ao presidente da Itália, Giorgio Napolitano, defendendo o refúgio político concedido pelo governo brasileiro ao ex-ativista Cesare Battisti.

Também em carta, no último sábado (17), o presidente italiano havia contestado a decisão do governo brasileiro e pediu a Lula a revisão da decisão. Contudo, a divulgação antecipada do conteúdo da carta do italiano para a imprensa teria irritado o presidente brasileiro, que considerou a atitude "deselegante".


Já na própria Economist...

"Fugitives from justice in Brazil
The madness of asylum
Jan 22nd 2009 SÃO PAULOFrom The Economist print edition
Why this indulgence for a convicted killer?
APItalians don’t see Battisti’s joke
WITH its extensive opportunities for committing fresh indiscretions and its giant statue of Christ extending limitless redemption, Rio de Janeiro is an attractive place in which to live as a fugitive from justice. Claude Rains elegantly hid out there in one of Alfred Hitchcock’s best films. Ronald Biggs, having robbed a mail train in 1963, swapped a British prison for Copacabana beach—and was more envied than vilified as a result. Now Cesare Battisti, an Italian thriller-writer who was once a member of a group called Armed Proletarians for Communism, has joined the list after Brazil granted him refugee status.
Before he came to Rio, Mr Battisti enjoyed a comfortable exile in France. Italy and France have long argued, in the way only neighbours can, about the number of once-violent Italian activists who have settled in Paris. Last year the French government refused to extradite Marina Petrella, a former Red Brigades terrorist (Carla Bruni, the president’s wife, went to Mrs Petrella’s hospital bed to give her the good news). Italy’s government had hoped Brazil would be more helpful. But its protests have been met with a snort from President Luiz Inácio Lula da Silva, of the sort reserved for occasions when he thinks a more developed country is telling Brazil what to do.
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Mr Battisti was convicted in absentia of killing two policemen in Italy in the late 1970s. He was also found guilty of taking part in the murder of a butcher, and of helping to plan that of a jeweller (shot in front of his 14-year-old son). Mr Battisti denies these charges, but there is little doubt in Italy that his trial was fair.
Brazil’s reasons for protecting Mr Battisti are unconvincing. The justice minister, Tarso Genro, referred to his country’s tradition of harbouring political exiles, ranging from Alfredo Stroessner, a particularly nasty ex-dictator (of Paraguay), to Olivério Medina, an ex-guerrilla (in Colombia). Now that democracy is the norm in the Americas, that tradition is anachronistic. Mr Genro also seems to think that Mr Battisti was convicted of political crimes, rather than plain murder.
Two sentiments underlie Mr Genro’s reticence. One is Brazil’s reluctance to examine its own past. Whenever the question of an inquiry into the military government of 1964-85 arises, it is quickly squashed (unlike similar demands in Argentina or Chile). The second sentiment, that of solidarity, is to be found among some members of Lula’s party who were far-left militants in the 1970s. In Italy, which lost a former prime minister to the Red Brigades and had a government adviser murdered as recently as 2002 by its imitators, attitudes are much less indulgent".

A síndrome de Gilmar Mendes se espalha

O caso Battisti - conversa entre Nassif e Maierovitch

"Recebo telefonema do ex-desembargador Walter Maierovitch, a propósito da discussão no Blog sobre o caso Battisti. Me diz ele:
“Battisti era ladrão, foi preso, na cadeia vinculou-se a uma organização terrorista e fugiu. Seu primeiro crime, depois da fuga, foi matar seu próprio carcereiro. Ele foi preso dentro da própria célula da organização, logo não tem lógica essa história de que tinha se desvinculado dela.
Hoje, o Procurador da República de Milão está escrevendo uma Carta aos Brasileiros, tendo em vista os inúmeros equívocos, inclusive do professor Dallari, que dizia que Itália era direitista na época em que Battisti foi julgado. O Presidente era Sandro Pertini, do Partido Socialista Italiano.
E, quando o Partido Comunista Italiano é contra Battisti e diz que Brasil não entende nada, é porque sabe que quem matou o eurocomunista foram pessoas como ele.
O compromisso histórico com Aldo Moro foi em função do avanço do Pinochet e de outras ditaduras militares. E esse pacto foi implodido pelo terrorismo.O que está ocorrendo é assassinato novo,, mas do Direito Internacional, por parte do Ministro Tarso Genro. Ele deu entrevista a jornais italianos falando da má vontade da Itália com extradição de Cacciola. Ninguém extradita nacionais, a não ser a Colômbia, com narcotraficantes.
Tarso diz que Battisti foi julgado à revelia e sem direito a defesa. Esquece que quem foi julgado à revelia no Brasil foi Cacciola. Se é citado no processo e foge, é julgado à revelia.
A Corte de Strassburgo, de direitos humanos, não aceitou a reclamação de Battisti, de que estava sem defesa. Fugiu, conhecia o processo e tinha direito a escolher advogado.
No Brasil, assim como na Itália, um dos princípios jurídicos é, à falta de provas, do livre convencimento do juiz. Como se vai julgar crime de estupro sem acreditar na palavra da vítima?
Dizer que só um arrependido dedurou ele, viola o princípio. Dedurou mas, dentro de suas atribuições, o juiz acreditou. E tem várias testemunhas que depuseram contra Battisti, dizendo que participou de duas execuções.
Procurador fala exatamente isso e termina a carta mais ou menos assim: “O ex-terrorista não é perseguido na Itália por suas idéias mas por crimes comuns, condenado por quatro homicídios,. Na Itália existia democracia que a pequena organização dele queria destruir pelas armas e não pelos votos.
O Presidente da República da Itália é Jorge Napolitano, um comunista, que escreveu para Lula dizendo que havia um estado democrático de direito, que não se mudou uma vírgula na Constituição e que leis aprovadas não criaram um estado de exceção, mas lei de emergência, como se faz para PCC”.

Tarso surtou, em minha opinião. Um surto bem ideológico. Ninguém que tenha alguma formação acadêmica pode concordar com o que diz ou alega Battisti, já que fugiu da Itália para a França e depois veio ao Brasil pedir asilo. É um assassino, e como tal deve cumprir pena após seu julgamento, que aliás já aconteceu na Itália. É tão sem lógica o que tarso vem defendendo que parece-me muito mais uma questão pessoal, onde brios foram feridos. Pirraça pura ou plena estupidez, eu diria.

A síndrome de Gilmar Mendes contaminou alguns outros escalões do governo Lula, fora o próprio STF: só Tarso pensa estar certo, contra o Itamaraty, contra o STF, contra a Itália e seu governo soberano... Quero ver onde isso vai dar. Acompanhem aqui no blog.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Atentado contra Protógenes

Assim caminha o Brasil, matando ou tentando matar aqueles que zelam por um país menos injusto e menos corrupto.

O delegado da PF, Protógenes Queiroz, sofreu um atentado contra sua vida dia 15 deste mês. Desafiar o poder e influência de Dantas parece ter colocado o delegado no olho do furacão. Não só ele, claro. Mas talvez mais direta e preferencialmente. Eis o que ele mesmo disse em seu blog:

"Comunico ao povo brasileiro e aos internautas que no dia 15 de janeiro de 2009, por volta das 15:00hs. sofri o primeiro atentado quando dirigia um automóvel deslocando do Jardim Botânico com destino a Niterói, ato contíuno ainda no JB o radiador de água quente explodiu causando uma nuvem de fuça muito grande e explosão do painel do veículo. Resultado sofri queimaduras de primeiro grau nos pés e lesões pelo corpo. Sai imediatamente do Rio de Janeiro com destino a São Paulo onde fui imediatamente socorrido, por medida de segurança. No momento estou em casa me recuperando do trauma. Tenho como testemunha do ocorrido a fraterna amiga Silvia Calmon ( pisicanalista) , os populares que me socorreram e meus padrinhos Jose Zelman e Nelia Maria Zelman. A minha resposta a este fato busquei conforto na mensagem do meu avô Agenor Miranda Rocha, que é a seguinte:

CIRENEU

” EU CARREGO, NOS OMBROS, O PESO DOS MUNDOS !

SIM, DOS MUNDOS, QUE OS OUTROS ENTREGAM A MIM:

MUITAS DORES, ANGUSTIAS, SOFRERES PROFUNDOS,

PESAM MENOS SE ENCONTRAM UM ABRIGO POR FIM.


CIRENEU PELA VIDA, EU CAMINHO CONTENTE,

POR FAZER DE MINHA ALMA UM APOIO SEGURO:

QUANDO POSSO, EM SOCORRO DE ALGUEM, LEALMENTE,

TORNO LEVE O PESADO E SUAVE O QUE É DURO.


SE ME PEDEM CONSELHOS, OS DESORIENTADOS

A VIVÊNCIA QUE TENHO ME AJUDA A SOLVER

OS PROBLEMAS TRAZIDOS, OS MAIS COMPLICADOS,

MESMO QUE, PARA ISTO, EU, TAMBÉM, VÁ SOFRER.


SE É DIREITO MISTER MINERAR MUITAS DORES,

PARA ISTO É QUE, UM DIA, EU TORNEI-ME DOUTOR:

POIS O MESMO JESUS, OS SENHOR DOS SENHORES,

É EXEMPLO QUE EU SIGO, COM TODO FERVOR.


NÂO QUERO JAMAIS RECOMPENSA AO QUE FAÇO

E SE EM MUITA OCASIÃO, EU RECEBO MAL PAGA,

OUTRAS VEZES, ME DÃO GRATO BEIJO, UM ABRAÇO

OU SINCERA CARICIA DE MÃO QUE ME AFAGA.


E, POR FIM, VOU VIVENDO CONFORME DESEJO,

PENHORADO AO MEU DEUS E COM MUITO PRAZER,

NO FINAL DESTA VIDA, DIZER EU ALMEJO:

” terminada a tarefa, cumpri meu dever.”

( Agenor Miranda Rocha )

Recomendação aos incautos: Não pratiquem nada contra mim, não adianta os individuos do mal vir contra ao cidadão de bem, vão ter que praticar atentados em mais de duzentos milhões de basileiros indignados e façam bem feito, para não ocorrer da forma como aconteceu com Protógenes no dia 15 de Janeiro do corrente ano. Desejo ao Daniel Dantas e comparsa SAÚDE e PAZ que a verdade se revelará."

OUTRO LINK INTERESSANTE PARA VER A REPERCUSSÃO EXTERNA DO CASO É ESSE: http://blogdoprotogenes.com.br/?p=56

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Falência anunciada!

NYT está fadado a falir, pelo menos a edição impressa, se seus anunciantes pararem de anunciar.

Eis aí o relato:

End Times (Michael Hirschorn, The Atlantic, enero/febrero 2009)


Virtually all the predictions about the death of old media have assumed a comfortingly long time frame for the end of print—the moment when, amid a panoply of flashing lights, press conferences, and elegiac reminiscences, the newspaper presses stop rolling and news goes entirely digital. Most of these scenarios assume a gradual crossing-over, almost like the migration of dunes, as behaviors change, paradigms shift, and the digital future heaves fully into view. The thinking goes that the existing brands—The New York Times, The Washington Post, The Wall Street Journal—will be the ones making that transition, challenged but still dominant as sources of original reporting.


But what if the old media dies much more quickly? What if a hurricane comes along and obliterates the dunes entirely? Specifically, what if TheNew York Times goes out of business—like, this May?

It’s certainly plausible. Earnings reports released by the New York Times Company in October indicate that drastic measures will have to be taken over the next five months or the paper will default on some $400million in debt. With more than $1billion in debt already on the books, only $46million in cash reserves as of October, and no clear way to tap into the capital markets (the company’s debt was recently reduced to junk status), the paper’s future doesn’t look good.

“As part of our analysis of our uses of cash, we are evaluating future financing arrangements,” the Times Company announced blandly in October, referring to the crunch it will face in May. “Based on the conversations we have had with lenders, we expect that we will be able to manage our debt and credit obligations as they mature.” This prompted Henry Blodget, whose Web site, Silicon Alley Insider, has offered the smartest ongoing analysis of the company’s travails, to write: “‘We expect that we will be able to manage’? Translation: There’s a possibility that we won’t be able to manage.”

The paper’s credit crisis comes against a backdrop of ongoing and accelerating drops in circulation, massive cutbacks in advertising revenue, and the worst economic climate in almost 80 years. As of December, its stock had fallen so far that the entire company could theoretically be had for about $1 billion. The former Times executive editor Abe Rosenthal often said he couldn’t imagine a world without The Times. Perhaps we should start.

Granted, the odds that The Times will cease to exist entirely come May are relatively slim. Many steps could be taken to prolong its existence. The Times Company has already slashed its dividend, a major source of income for the paper’s owners, the Sulzberger family, but one that starved the company at precisely the moment it needed significant investments in new media. The company could sell its share of the brilliant Renzo Piano–designed headquarters—which cost the company about $600million to build and was completed in 2007, years after the digital threat to The Times’ core business had become clear. (It’s already borrowing money against the building’s value.) It could sell The Boston Globe—or shutter it entirely, given what the company itself has acknowledged is a challenging time for the sale of media properties. It could sell its share in the Boston Red Sox, close or sell various smaller properties, or off-load About.com, the resolutely unglamorous Web purchase that has been virtually the only source of earnings growth in the Times Company’s portfolio. With these steps, or after them, would come mass staffing cuts, no matter that the executive editor, Bill Keller, promised otherwise.

It’s possible that a David Geffen, Michael Bloomberg, or Carlos Slim would purchase The Times as a trophy property and spare the company some of this pain. Even Rupert Murdoch, after overpaying wildly for The Wall Street Journal, seems to be tempted by the prospect of adding The Times to his portfolio. But the experiences of Sam Zell, who must be ruing the day he waded into the waking nightmare that is the now-bankrupt Tribune Company, would surely temper the enthusiasm of all but the most arrogant of plutocrats. (And as global economies tumble around them, the plutocrats aren’t as plutocratic as they used to be.) Alternatively, Google or Microsoft or even CBS could purchase The Times on the cheap, strip it for parts, and turn it into a content mill to goose its own page views.

Regardless of what happens over the next few months, The Times is destined for significant and traumatic change. At some point soon—sooner than most of us think—the print edition, and with it The Times as we know it, will no longer exist. And it will likely have plenty of company. In December, the Fitch Ratings service, which monitors the health of media companies, predicted a widespread newspaper die-off: “Fitch believes more newspapers and newspaper groups will default, be shut down and be liquidated in 2009 and several cities could go without a daily print newspaper by 2010.”

The collapse of daily print journalism will mean many things. For those of us old enough to still care about going out on a Sunday morning for our doorstop edition of The Times, it will mean the end of a certain kind of civilized ritual that has defined most of our adult lives. It will also mean the end of a certain kind of quasi-bohemian urban existence for the thousands of smart middle-class writers, journalists, and public intellectuals who have, until now, lived semi-charmed kinds of lives of the mind. And it will seriously damage the press’s ability to serve as a bulwark of democracy. Internet purists may maintain that the Web will throw up a new pro-am class of citizen journalists to fill the void, but for now, at least, there’s no online substitute for institutions that can marshal years of well-developed sourcing and reporting experience—not to mention the resources to, say, send journalists leapfrogging between Mumbai and Islamabad to decode the complexities of the India-Pakistan conflict.

Most likely, the interim step for The Times and other newspapers will be to move to digital-only distribution (perhaps preserving the more profitable Sunday editions). Already, most readers of The Times are consuming it online. The Web site, nytimes.com, boasted an impressive 20 million unique users for the month of October, making it the fifth-ranked news site on the Internet in terms of total visitors. (The October numbers were boosted by interest in the election, but still …) The print product, meanwhile, is sold to a mere million readers a day and dropping, and the Sunday print edition to 1.4 million (and also dropping). Print and Web metrics are not apples-to-apples, but it’s intuitively the case that the Web has extended The Times’ reach many times over.

The conundrum, of course, is that those 1 million print readers, who pay actual cash money for the privilege of consuming the paper, and who are worth about five figures a page to advertisers, are far more profitable than the 20 million unique Web users, who don’t and aren’t. Common estimates suggest that a Web-driven product could support only 20 percent of the current staff; such a drop in personnel would (in the short run) devastate The Times’ news-gathering capacity.

If you’re hearing few howls and seeing little rending of garments over the impending death of institutional, high-quality journalism, it’s because the public at large has been trained to undervalue journalists and journalism. The Internet has done much to encourage lazy news consumption, while virtually eradicating the meaningful distinctions among newspaper brands. The story from Beijing that pops up in my Google alert could have come from anywhere. As news resources are stretched and shared, it can often appear anywhere as well: a Los Angeles Times piece will show up in TheWashington Post, or vice versa.

But the business strategy of TheNew York Times, as practiced since Abe Rosenthal’s editorship in the early ’70s, when New York magazine first threatened the daily’s stranglehold on the city’s lumpen upper-middle class—and as imitated by countless papers around the country—has undermined the perceived value of serious newspaper journalism as well. Under the guise of “service,” The Times has been on a steady march toward temporarily profitable lifestyle fluff. Escapes! Styles! T magazine(s)! For a time, this fluff helped underwrite the foreign bureaus, enterprise reporting, and endless five-part Pulitzer Prize aspirants. But it has gradually hollowed out journalism’s brand, by making the newspaper feel disposable. The fluff is more fun to read than the loss-leading reports about starvation in Sudan, but it isn’t the sort of thing you miss when it’s gone. Not many people would get misty-eyed over the closure of, say, “Thursday Styles,” fascinating as its weekly shopping deconstructions often are.

What would a post-print Times look like? Forced to make a Web-based strategy profitable, a reconstructed Web site could start mixing original reportage with Times-endorsed reporting from other outlets with straight-up aggregation. This would allow The Times to continue to impose its live-from-the-Upper-West-Side brand on the world without having to literally cover every inch of it. In an optimistic scenario, the remaining reporters—now reporters-cum-bloggers, in many cases—could use their considerable savvy to mix their own reporting with that of others, giving us a more integrative, real-time view of the world unencumbered by the inefficiencies of the traditional journalistic form. Times readers might actually end up getting more exposure than they currently do to reporting resources scattered around the globe, and to areas and issues that are difficult to cover in a general-interest publication.

As David Remnick, the editor of The New Yorker, pointed out at a recent media breakfast, the blogging and local reporting from Mumbai in the early hours of the November terrorist attacks were nothing short of remarkable. Ditto in New Orleans after Hurricane Katrina. I recall avidly following the 2006 crisis in Lebanon through a variety of sources, none less interesting or credible because it was, say, Haaretz instead of The Times. Like neighboring hospitals coordinating their purchases of expensive MRI equipment, journalistic outlets will discover that the Web allows (okay, forces) them to concentrate on developing expertise in a narrower set of issues and interests, while helping journalists from other places and publications find new audiences.

In this scenario, nytimes.com would begin to resemble a bigger, better, and less partisan version of the Huffington Post, which, until someone smarter or more deep-pocketed comes along, is the prototype for the future of journalism: a healthy dose of aggregation, a wide range of contributors, and a growing offering of original reporting. This combination has allowed the HuffPo to digest the news that matters most to its readers at minimal cost, while it focuses resources in the highest-impact areas. What the HuffPo does not have, at least not yet, is a roster of contributors who can set agendas, conduct in-depth investigations, or break high-level news. But the post-print Times still would.

Clearly, over the short run, there would be a culling of the journalistic herd. If 80 percent of The Times staff ends up laid off, many of them won’t find their way to new reporting jobs. But over the long run, a world in which journalism is no longer weighed down by the need to fold an omnibus news product into a larger lifestyle-tastic package might turn out to be one in which actual reportage could make the case for why it matters, and why it might even be worth paying for. The best journalists will survive, and eventually thrive. Some will be snapped up by an expanding HuffPo (which is raising millions while its print competitors tank) and by the inevitable competitors that will spring up to imitate its business model, or even by smaller outlets, like Talking Points Memo, which have found that keeping their overhead low allows them to profit from high-quality journalism. And some will succeed as independent operators. Figures like Thomas Friedman, Paul Krugman, and Andrew Ross Sorkin (the editor of the DealBook business blog, which has been a cash cow for The Times) would be worth a great deal on the open market. For them and others, the bracing experience of becoming “brands of one” could prove intoxicating, and perhaps more profitable than fighting as part of a union for an extra percentage-point raise in their next contract.

Ultimately, the death of The New YorkTimes—or at least its print edition—would be a sentimental moment, and a severe blow to American journalism. But a disaster? In the long run, maybe not.
  

The URL for this page is http://www.theatlantic.com/doc/200901/new-york-times

Michael Hirschorn is an Atlantic contributing editor.

Resoluções de Lula para 2009 (comentando a situação de crise) - por Millôr Fernandes

Sábio como sempre, sempre prevendo, antevendo e prognosticando, Lula, de lá de onde está (não há GPS que o encontre), criou e determinou a postura de sua administração, ministros, comandados e companheiros de modo geral, diante dessa marola que, como todos viram, não deu nem pra pegar jacaré, morreu na praia.

1 – Austeridade nos favoritismos.

2 – Sinceridade nas hipocrisias.

3 – Contemporizações a longo prazo.

4 – Barganhas acima de qualquer suspeita.

5 – Falcatruas a fundo perdido.

6 – Contenção total de toda economia.

7 – Mudanças radicais nas formas dos carimbos.

8 – Gigantesca desburocratização.

9 – Mudanças profundas de todas as fachadas.

10 – Distribuição geral de papéis para ensaios de farsas.

11 – Absoluta autonomia de impotências.

12 – Plena variedade de simplificações.

13 – Definição radical do semiárido de cada um.

14 – E, naturalmente, algumas cenas de antigos capítulos.

15 – EM 2010, FIQUE COM A GENTE.

Quando a ingerência impera - a Copa abafa ataques do PCC

É bem possível que o PCC tenha passado igualmente desapercebido pelo ex-governador de SP. Do alto de Alphaville, só costumam dar conta de sua existência quando são deflagrados "arrastões", que eu chamaria de "redistribuição de renda compulsória".