segunda-feira, 21 de julho de 2008

Tudo como dantes

"Interessa ao governo fazer de conta que nunca neste Brasil os corruptos foram tão perseguidos. Interessa à oposição, incapaz de elaborar uma agenda oposicionista, que se tenha a ilusão de que tudo, no final das contas, está conforme a lei. Ambos os lados estão contentes porque nenhum de seus corruptos será pego"

José Arthur Gianotti, na Folha de São Paulo.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Redes de compartilhamento P2P: vilãs ou mocinhas da história? - Por Daniela González, da PC WORLD

Sem entrar no mérito do preço da cultura no Brasil – livros, CDs, DVDs, cinema e teatro – os produtos culturais nunca estiveram tão acessíveis à população como hoje. Não importa que você esteja em uma cidade minúscula do interior onde a única videolocadora ou loja de discos, se houver, possuam um acervo restrito.

Se quiser ouvir o último lançamento da sua banda favorita ou assistir ao filme que ainda não estreou na sua região, precisa só de um computador, uma conexão com a internet – de preferência em banda larga – e um software cliente de uma rede de compartilhamento de arquivos. Em poucos minutos é possível localizar e com um pouco de sorte e paciência, baixar o arquivo completo. E quase sempre sem pagar nada mais por isso.

O enorme volume e a variedade do conteúdo disponível são os principais motivos do sucesso dessa prática, que se tornou possível graças à tecnologia Peer-to-peer (P2P), que cria as redes de compartilhamento.

Infelizmente, essas redes não trouxeram apenas benefícios. Elas abrem brechas importantes na segurança dos computadores, tornando-os vítimas fáceis de criminosos virtuais.

Apesar de amplamente divulgado, muitas pessoas ainda não sabem que ao baixar uma música ou filme da web podem estar cometendo crime de pirataria digital.

A facilidade como operam, os milhares de usuários de serviços como o Kazaa, eMule, entre outros, oferecendo um rico acervo de conteúdo digital à distância de uns poucos cliques, a indústria de conteúdo (fonográfica, cinematográfica e até editorial) terá de repensar seu modelo de comercialização e até de proteção a seu conteúdo de forma a sobreviver.

Empresas que vendem canções na web lutam para conseguir criar métodos de proteção, para impedir a livre distribuição do conteúdo protegido por direito autoral.

Em contrapartida, existe todo um movimento que busca forma de burlar essas proteções. Alguns são bem sucedidos, como o hacker que conseguiu quebrar o Windows Media DRM, da Microsoft, utilizado para proteger canções vendidas em lojas online, como o Napster.

Não é de hoje que as redes P2P são alvo das ações antipirataria. Segundo a Associação Antipirataria de Cinema e Música no Brasil (APCM), 1.823 arquivos de filmes foram retirados do ar em agosto. Esse número representa o triplo do registrado em julho (653).

As ferramentas mais famosas
O sucesso de uma determinada rede está diretamente relacionado ao que ela oferece de conteúdo para ser baixado, conteúdo este que é flutuante. Ele depende de fatores como o software-cliente (como o Kazaa, eMule e BearShare), sua interface e facilidade de uso, bem como a quantidade de redes P2P (com destaque para a Gnutella, BitTorrent, eDonkey e FastTrack) a que ele tem acesso, o número usuários online em determinado momento e quantos arquivos que estes usuários deixam disponíveis em suas áreas de upload.

terça-feira, 1 de julho de 2008

A imprudência com a apreciação do real - por Delfim Netto

"(...) A urna revela a livre escolha dos cidadãos soberanos no mercado "político", da mesma forma que os preços revelam a escolha (condicionada por sua renda) dos consumidores soberanos no mercado de bens e serviços. No mercado "político" o condicionante é que há uma inevitável troca física entre a possibilidade de maior consumo "hoje" e, logo, menor investimento "hoje" e, conseqüentemente, menor crescimento e menor consumo "amanhã". Nos países (como o Brasil) onde a necessidade cria uma preferência hiperbólica pelo "consumo hoje", a maior tarefa do macroeconomista é exercer o seu talento retórico no esforço didático de convencer os cidadãos da insuperável troca entre o "presente" e o "futuro". É preciso que nas urnas eles aceitem uma combinação adequada entre o desejo de acelerar o crescimento e o de aumentar a equidade na distribuição de seus frutos.

Já deveríamos ter aprendido que as sugestões da economia do "faz de conta", caricaturizada na tríade reformista "estabilizar, privatizar e liberalizar" só sobrevivem quando produzem resultados palpáveis imediatos. Elas são, sem dúvida, condições necessárias para acelerar o crescimento, mas inservíveis quando não executadas com inteligência e paciência que as levem a sobreviver nas urnas.

Um exemplo de conselho que nos parece típico dos "fora de lugar" é a sempre renovada sugestão da economia do "faz de conta" de valorizar ainda mais o real elevando brutalmente a já maior taxa de juro real do mundo para controlar a taxa de inflação. Há razoáveis evidências empíricas da Economia Política em torno de três proposições:

1) uma "super-valorização" cambial temporária pode causar perda definitiva da competitividade de alguns setores (desatualização tecnológica, redução de escala etc.);"