terça-feira, 30 de setembro de 2008

E lá se vão as férias!


Realmente, amigos, nem tudo é perfeito nessa vida... O que é bom dura pouco!

Música para este post? Bicho Maluco Beleza, do Alceu

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Fora de pauta

Fazendo as bagagens pra curtir mini-férias! De lá, se der, volto a escrever.

Adios!!

sábado, 20 de setembro de 2008

Direito de REPARAÇÃO


Perícia da PF comprovou que as maletas da Abin não podem interceptar ligações, ao contrário do que sustentava Nelson Jobim. O que Lula deveria fazer com o ministro da Defesa?
  • Demitir Jobim por o ter induzido a cometer uma injustiça
  • Afastar temporiariamente o ministro, em nome da transparência
  • Exigir que Jobim admita o erro publicamente e peça desculpa ao delegado Lacerda
  • Enviar o ministro para um treinamento militar na selva amazônica, sem prazo de retorno
FONTE: CartaCapital

Parte da matéria, escrita por Leandro Fortes da CartaCapital segue abaixo:

"O que aconteceria em um país de democracia consolidada se um ministro acusasse sem provas um colega de governo de poder grampear autoridades e esconder o fato do presidente da República? No Brasil, não acontece nada. Faz duas semanas que o titular da Defesa, Nelson Jobim, obteve o afastamento do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, ao argumentar, durante uma reunião no Palácio do Planalto, que a autarquia tinha adquirido equipamentos capazes de interceptar telefonemas. Jobim não exibiu nenhuma prova, mas conseguiu convencer Lula a afastar preventivamente Lacerda do posto menos de 48 horas após a revista Veja divulgar a transcrição de uma conversa supostamente grampeada entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Lula tomou a atitude mesmo ante o argumento do superior de Lacerda, o general Jorge Felix, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ter afirmado que as maletas não eram capazes de fazer interceptações, só rastreamentos de grampos. O ministro da Defesa continua firme no cargo, apesar de suas aleivosias serem paulatinamente expostas. Desmentido clamorosamente pelos fatos, Jobim, em encontro recente, teria dito ao presidente que foi induzido por um subordinado a sustentar a versão de que as maletas compradas pela inteligência e também pelo Exército, na verdade capazes apenas de fazer rastreamento, poderiam grampear telefones. É uma história inacreditável, mostra da forma leviana com a qual o titular da Defesa tratou do assunto. Na primeira reunião que selou o afastamento de Lacerda, Jobim sustentou a tese da maleta do grampo, segundo ele, com base em informações de “técnicos” do Exército, os quais não quis – ou não pôde – nomear. Tais técnicos jamais existiram. Pego na mentira mais tarde, ante a exposição dos argumentos do general Felix e de Lacerda, Jobim foi obrigado a admitir ao presidente Lula ter sido colocado “numa fria” por um “aspone” (no jargão pejorativo do serviço público, um assessor inútil) do Ministério da Defesa. O tal “aspone”, simplesmente, retirou da internet a lista de cinco páginas com detalhes de três equipamentos supostamente comprados pela Abin, imprimiu e entregou ao ministro. Com esse papelucho nas mãos, o ministro partiu para cima do diretor da agência. Lula, segundo fonte do Planalto, estaria visivelmente irritado com Jobim. Certo é que o presidente fez questão, em entrevista à TV Brasil, de elogiar Lacerda, que dirigiu a Polícia Federal até o ano passado, e acenar com sua reabilitação. Disse que o diretor-geral da Abin poderia retornar ao cargo “quando quisesse”. “Lacerda é uma pessoa que eu respeito como poucos neste País”, acrescentou. "


E agora José? Será que Lula terá peito para fazer o que há muito deveria ter feito?? Saberemos a qualidade do presidente que temos e dos órgãos de justiça após ser noticiada a punição, ou não, a ser dada ao fanfarrão que ora é Ministro da Defesa. Ah, e Gilmar Mendes, não receberá nada? Vá pensando aí na próxima enquete, porque na minha opinião ele merece, NO MÍNIMO, perder o cargo de presidente do Supremo, quem sabe para o Barbosa, a quem ele tanto despreza! Espero que ele morda a própria língua! Ou como diz um amigo meu, a língua é o chicote do corpo!!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Fim de semana relax com Anat Cohen


Israelense de nascimento e musicista de profissão, a jovem Anat Cohen toca chourinho como gente grande. Estou babando com a performance da moçoila... Seja no trumpete, na clarineta ou no sax, com orquestra ou sem, ela arrasa!

Dou a dica de onde encontra-la: clica aqui e baixe seus dois álbuns pelo torrent! Lembrando que é necessário ter instalado O Utorrent ou o BitTorrent.

Porque peixe grande não gosta de rede!


"O que me dói é quando vejo um monte de mentirosos e corruptos se disfarçando de paladinos da ética, praticando excessos sem medida.", disse Caio Fábio certa vez (clique aqui e veja outra opinião sobre o Mensalão!) se referindo a Roberto Jefferson e cia.

Nada de diferente se aplica hoje. Agora, àqueles que se autoproclamam arautos da democracia, repudiando um suposto "Estado policialesco". O ministro do Supremo Joaquim Barbosa, por não entender, ou simplesmente não concordar, com o acordo tácito entre os ministros do STF de não se contraporem de modo explícito às propostas uns dos outros, acusou o colega Mendes de querer aplicar o famigerado "jeitinho", bem à brasileira, quando da votação da matéria então em pauta (Olha!). O resultado? Ao invés de argumentar com coerência (como era de se esperar de um cidadão que alcançou o cargo de ministro do Supremo), Gilmar se limitou a tentar descaracterizar a acusação do colega por meio da desmoralização do mesmo. Essa é a tática daqueles que representam a si mesmos, ao invés daqueles que o elegeram.

Pelo menos desde Maquivel sabemos o quão difícil é se conservar uma postura política ao mesmo tempo em que se ocupa um cargo político. Mas se conformar com a distância entre teoria e prática não pode também ser considerada fatalisticamente como saída natural para as querelas públicas.

Não entendo Lula! Mesmo com a popularidade tão em alta, não se dá ao luxo de expulsar esse Nelson Jobim e esse Gilmar Mendes de seus cargos! Não torço para que o governo se dê mal, mesmo não tendo reiterado meu voto nele na eleição passada. Mas é demais aceitar esses dois pulhas como paladinos da verdade e afastar de seus cargos pessoas de reputação profissional ilibadas como foi o caso que o Nassif narra:

"Não sei por que, mas o evento da Abril me lembrou aquela cena épica de Francis Ford Copolla, o fecho do filme. Enquanto todos estão na grande ópera, os inimigos são fuzilados na calada da noite.

Na grande festa foram selados os destinos do delegado Protógenes e Paulo Lacerda, dois funcionários públicos cumpridores da lei. Anotem os nomes deles e os repassem para seus filhos e netos: foram dois brasileiros dignos, sacrificados por um jogo sujo."

Viver no Brasil é como ver novela! A diferença é que não há qualquer garantia de que o bem vença ao final da trama.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

De algoz a suspeito: Gilmar Mendes no olho do furacão!

Da Folha Online

Mendes diz que laudo da PF sobre maletas da Abin é insuficiente para isentar órgão

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, disse nesta quinta-feira que o laudo da Polícia Federal com a conclusão de que equipamentos da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) não realizam grampos telefônicos é insuficiente para isentar o órgão de participação em escutas clandestinas. Mendes disse que o laudo apenas mostra que as maletas apresentadas pela agência não fazem grampos, mas não esgota a possibilidade da Abin ter outros equipamentos para realizar escutas.

"Isso diz pouco porque simplesmente diz sobre as maletas que foram apresentadas. Nós não sabemos se são todas as maletas que a Abin dispõe e se não teriam a possibilidade de fazer a interceptação. Também ninguém afirmou que essa interceptação foi feita pela Abin, pela polícia, por pessoas contratadas, o que interessa é de fato aprofundar essas investigações", afirmou.

Mendes levantou a possibilidade de "outros meios" terem sido utilizados para as escutas, sem necessariamente terem sido realizadas pela Abin. "Nós não sabemos se essas maletas foram contratadas, se outros modos foram utilizados. Nós estamos em um mundo muito complexo para que nós tenhamos uma resposta muito simples", afirmou.

Comentário

Com seus comentários, Gilmar Mendes torna-se suspeito de ter participado intencionalmente de uma fraude: o tal grampo de sua conversa com Demóstenes Torres.

Não pode existir intocável neste país. Nós estamos em um mundo muito complexo, de fato. E Gilmar tornou-se suspeito perante uma parcela significativa da opinião pública. Primeiro, ao aceitar a versão de que era a ABIN sem dispor de uma evidência sequer. Agora, por insistir na acusação. Ainda mais sabendo-se que beneficia diretamente os acusados pela Operação Satiagraha.

Está na hora de começar a ser cobrado por seus pares.



enviada por Luis Nassif

E nosso Brasil-zil-zil vai assim!

O vídeo (clica!) mostra como o interior do país ainda permanece em século XIX, quando grassava o voto de cabresto, o famigerado curral eleitoral.

É lamentável que as autoridades (TRE-MA), mesmo notificadas, provavelmente por terem o rabinho preso, não tomam as decisões cabíveis que se esperam de um Estado Democrático de Direito, em plena vigência no país!

Enquanto não houver fiscalização que garanta aos candidatos a mínima possibilidade de se oporem ao projeto administrativo da situação nem adianta fazer eleições. Há coisas que não têm meio termo, é tudo ou nada! Não dá pra negociar isso sem antes comprometer severamente o andamento da democracia no país.

Aliás, como disse Thompson, parece que a democracia só serve para legitimar o estado de coisas que ora vige em nossa sociedade, e funciona basicamente assim: quando interessa ele é evocado como baluarte da civilidade, quando não, sumariamente ignorado.

Assim, permaneceremos em pleno século XIX!

... E o mundo foi com ele!




terça-feira, 16 de setembro de 2008

BRASIL IMORAL

16/09/08 08:00

Lula, Satiagraha e a Real Politik

Atenção, um novo capítulo se abre para o caso Satiagraha.

O governo Lula acertou um acordo com a Editora Abril – e, por extensão, com Daniel Dantas – para anular a Operação Satiagraha. O acordo foi montado da seguinte maneira:

1. É impossível interferir nos trabalhos em andamento do Ministério Público Federal e do juiz De Sanctis. A ofensiva de Gilmar Mendes foi um tiro no pé.

2. A estratégia acertada consistirá em tentar anular o inquérito de Protógenes, no âmbito da Polícia Federal. A versão preparada é que o inquérito continha irregularidades que precisariam ser sanadas. E a Polícia Federal colocou seus homens de ouro para “salvar” o inquérito. O trabalho dos “homens de ouro, na verdade, será o de garantir a anulação do inquérito.

3. Ao mesmo tempo, o governo aproveitará o factóide dos 52 funcionários da ABIN que participaram da operação - uma ação de colaboração já prevista pelo Sistema Brasileiro de Inteligência - para consumar a degola de Paulo Lacerda. A matéria do Estadão de domingo, o da "demissão em off" estava correta. Sabe-se, internamente no governo, que a operação foi normal. Assim como se tem plena convicção de que o tal “grampo” entre Gilmar Mendes e Demóstenes Torres foi uma armação. Mas Lula se curvou à real politik.

4. De sua parte, jornais e jornalistas mais envolvidos com o jogo estão reforçando essa versão do “inquérito ilegal” e do messianismo do delegado Protógenes. A armação, agora, terá o reforço da concordância tácita do Palácio.

5. O pacto foi referendado pela Ministra-Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. O Ministro Tarso Genro foi o que se mostrou mais constrangido com a operação, mas acabou se curvando à força dos fatos. Com essa operação, Lula e Dilma passam a ser aceitos no grande salão nobre, pavimentando a candidatura da Ministra para as próximas eleições.

6. O seu principal adversário, José Serra, já é outro aliado que entrou à reboque da Editora Abril. Está pagando um preço caro, com a descaracterização do seu discurso político.

7. A bola, agora, está com o Ministério Público e o Juiz De Sanctis, que terão que trabalhar com essa nova peça do jogo: a intenção de se anular o inquérito.

Não sei por que, mas o evento da Abril me lembrou aquela cena épica de Francis Ford Copolla, o fecho do filme. Enquanto todos estão na grande ópera, os inimigos são fuzilados na calada da noite.

Na grande festa foram selados os destinos do delegado Protógenes e Paulo Lacerda, dois funcionários públicos cumpridores da lei. Anotem os nomes deles e os repassem para seus filhos e netos: foram dois brasileiros dignos, sacrificados por um jogo sujo.

É o fim da grande batalha pela instituição da legalidade no país? Longe disso. É apenas um novo capítulo. Tanto assim, que integrantes próximos ao jogo estão completamente incomodados, assim como vários colegas jornalistas, que entenderam que esse jogo de cena foi longe demais e está comprometendo a imagem da categoria como um todo.

Com tanta testemunha, tanto conflito de consciência, julgam ser possível varrer o elefante para debaixo do tapete? É muita falta de fé no estágio atual de desenvolvimento do país.



enviada por Luis Nassif

Bolívia imoral

Lula e a crise boliviana

Da BBC, apud Estadão

'Lula toma as rédeas na crise boliviana', diz 'El País'

Segundo jornal, participação na cúpula demonstra peso do Brasil na região.

- A cúpula da Unasul realizada na segunda-feira à noite para discutir a crise na Bolívia marca o crescente peso que o presidente Luís Inácio Lula da Silva está adquirindo na região, segundo reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal espanhol El País.

Em matéria intitulada, "Lula toma as rédeas da crise boliviana", o diário diz que Lula apresentou uma série de exigências para aceitar ir ao encontro em Santiago do Chile, e o fato de elas terem sido acatadas, demonstram sua importância na mediação do conflito.

"A presidente do Chile, Michelle Bachelet - país que exerce a presidência temporária da Unasur -, convocou a reunião, mas foi Lula quem deu transcendência a ela, ao confirmar sua presença e conseguir que as partes em conflito na Bolívia lhe entregassem sua confiança", escreve o El País.

"Lula impôs condições para viajar a Santiago e as conseguiu. Pediu uma trégua prévia entre (o presidente boliviano Evo) Morales e a oposição, o que foi feito. Exigiu a aceitação expressa de La Paz para que ele intercedesse na crise, e a obteve. Mais, os rivais de Morales comemoraram a mediação brasileira, apesar de Lula os ter repreendido por usar a violência para desafiar o governo."


Isso nos mostra como a sociedade boliviana está profundamente dividida em classes, e, consequentemente, em interesses de classes. Mostra também como parte dessa sociedade é racista e elitista, querendo os louros das exportações exclusivamente para si e seus correligionários. Expressa também o peso que o Brasil exerce nos países vizinhos, como 'bom' país imperialista do cone sul que há muito é. Não que o Brasil não deva ter pretensões que visem a expansão de sua linha de influência, mas fazê-lo a qualquer custo também não me parece a melhor alternativa. Dominador só muda de endereço mesmo!

Estamos tão viciados em gás boliviano quanto os EUA em petróleo iraquiano. [Só o estado de São Paulo tem quase 100% de suas indústrias dependentes do gás transportado pelo gasoduto que vai até a Bolívia]... Pobres indígenas, estão entre Lula e Chávez!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

De luto

Hoje à tarde fiquei sabendo da morte de Richard Wright. Pensei em quantas de suas músicas povoaram meus pensamentos, alegraram minha vida, ainda quando adolescente.
Fica aqui registrado meu grande e sincero pesar, alido à certeza de que o mundo fica mais pobre e menos genial.

PS: Time, em The Dark Side of the Moon, é certamente uma de suas melhores atuações, aliada àquela outra, The Great Gig in the Sky, cujo solo vocal é, na minha opinião, o mais lindo do mundo! Disseram à cantora quando das gravações do Pulse, "pense em algo triste, como na morte"... E saiu aquele hino, uma verdadeira ode à transitoriedade da vida humana. Não poderia, hoje, ser mais oportuno escutá-la novamente.

domingo, 7 de setembro de 2008

O nome da rosa

Nassif,

Leia o texto do delegado da polícia civil do Rio, Alexandre Neto, sobre os grampos. Muito bom e esclarecedor. Merece ser divulgado. Abaixo o link. Clique aqui.

"GRAMPOS E APERITIVOS FEDERAIS

Um escândalo envolvendo a ABIN e a PF já era esperado, afinal os investigados pela Operação Satiagraha (ou Soltaeagarra, para os bem-humorados) – tidos como “figuras acima de qualquer suspeita” – não iriam deixar barato a exposição pública e a “espetacularização” das prisões levadas a efeito em prol da moralidade e do legítimo interesse público, que visam a combater a espoliação do erário nacional.

Qualquer órgão de inteligência que se preze não quer ver a sua reputação destruída, por mais sujo que seja o “serviço” que lhe tenha sido incumbido. A bomba do Riocentro, num 1º de Maio de 1981, é a prova disso. O protagonista sobrevivente passa bem e foi até promovido. Os demais, ninguém sabe e nem procurou saber. O caso está encerrado e prescrito. Mas ainda que houvesse divergências internas em tal órgão de inteligência da Presidência da República, custa crer que seus integrantes se mostrassem tão autofágicos, a ponto colocar em jogo a credibilidade e a existência do próprio ganha-pão.

A quem interessaria esse descrédito? A quem interessaria essa pretensa desmoralização institucional? A quem interessaria esse conflito entre poderes, que devem funcionar independentes e harmônicos entre si ?

A nossa “arapongagem” estatal pode até ser incipiente e subdesenvolvida, mas não é burra. Pode-se até dizer também que a “arapongagem” privada, representada por empresas estrangeiras que funcionam livremente em nosso País como verdadeiras longamanus de órgãos de inteligência de países desenvolvidos, representam muito maior perigo à nossa ordem legal e institucional existentes. Fatos recentes, envolvendo as chamadas “figuras acima de qualquer suspeita” e o dinheiro das privatizações das teles, já deixaram transparecer o pesado jogo sujo que envolve a disputa pelo dinheiro público. Um insignificante – e até então ilustre desconhecido - transformou-se em milionário da noite para o dia, tudo sob as bênçãos dos poderes constituídos. Ninguém futucou para saber de onde brotou significativa e repentina riqueza.

A quem interessa as informações privilegiadas que norteiam essas disputas? Quem delas se beneficia? Quem pode pagar para obtê-las, custe o quê custar?

As escutas autorizadas pela justiça, procedidas pela PF no bojo da Operação Satiagraha, nos ofereceu um dado interessante e, ao mesmo tempo, alarmante: numa das conversas interceptadas, uma das “figuras acima de qualquer suspeita” se mostra não estar preocupada com a ação da justiça no âmbito do Supremo Tribunal Federal, mas apenas receosa com relação aos juízes de primeiro grau. Para tal “figura”, a Corte Maior não representava perigo, pois já estaria anestesiada e não implicaria em maiores preocupações.

Assim, a Operação Satiagraha teve o seu desfecho. O suborno a uma autoridade policial federal restou materializada, ao vivo e em cores. Deslindava-se uma trama odiosa envolvendo “figurinhas carimbadas” dos mais recentes escândalos financeiros da nação. Mas, apesar do alto poder de influenciar e coagir testemunhas, apesar da inegável capacidade financeira de interferir na obtenção de novas provas e até mesmo corromper autoridades, com grave comprometimento da garantia da ordem pública e latente vulneração à aplicação da lei penal, tais “figurinhas carimbadas” foram postas em liberdade, com a garantia sumular, da mais alta Corte, de que jamais seriam algemados.

O cenário já estava preparado. Faltava apenas o grand finale: a “reportagem” de capa da revista VEJA, de 03 de setembro de 2008, sob o título “PODER PARALELO” - que mais parece um Disque-Denúncia, ou “DD” no jargão policialesco – dá conta de duas iniciais que, coincidentemente, já apontam os indícios de sua provável autoria. Uma das “figurinhas carimbadas”, certo da impunidade, se adiantou em servir um “aperitivo” para comemorar a liberdade e lembrar que o estoque de drinks ainda pode ser bem maior e mais variado. Vai depender do freguês, ou da refinada clientela. Uma coisa é certa: pra bom degustador, meia dose basta!

Rio de Janeiro, 05 de setembro de 2008.

Alexandre Neto"