quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Das pequenas consultorias virtuais


Há tempos não escrevo nada sobre cultura, especificamente, e hoje me deu vontade de falar sobre cabelos femininos.

Eu penso que sofremos de uma forte "síndrome do colonizado" no Brasil. É que aqui, mulher bonita é quase sempre identificada pela grande mídia e suas propagandas tendo como único parâmetro a modelo sul-riograndense. Sim, ela é bonita, mas será essa a única beleza que conseguimos apreciar?? Se for, que pena, porque conheço meninas e mulheres negras, de origem indiana, asiática e todas as misturebas maravilhosas trazidas pela miscigenação - que o spencerismo tanto combateu - que são de cair o queixo!

O uso indiscriminado de "chapinhas" também por isso me incomoda bastante, pois as meninas, normalmente com ascendência afro, são estimuladas a pensar que há algo de errado em ter o cabelo crespo ou enroladinho, em suma, não-liso. É verdade que em algumas poucas pessoas o resultado fica bem satisfatório, mas por pouco tempo, já que a maioria exagera tanto que o cabelo fica muito seco e quebradiço pela desidratação contínua, vindo a precisar de subterfúgios químicos, que nunca são bons o bastante para restaurar de maneira permanente a naturalidade dos fios. Às vezes, o dano é tão grande que se torna permanente e não deixa muita esperança para mudanças radicais, infelizmente.

Há penteados lindíssimos que vejo em algumas mulheres na rua que aproveitam ao máximo os fios crespos, trançados e amarrados como o de algumas divas pop americanas. Além de dar personalidade à pessoa que o adota, não dá a má-impressão de fazer-se querer passar por quem não é de fato.

É uma pena que o racismo e o preconceito seja mais difícil de quebrar do que a um àtomo, como disse Einstein.

Assuma seu cabelo e experimente mudar! Aqui tem um blog com dicas valiosas de como cuidar de seu cabelo crespo.

Gaza, os blogs e a chamada grande mídia

Buscando saber como os israelenses vêem o conflito em Gaza, acabei encontrando um blog de um brasileiro, de origem judaica, que agora mora em Israel. Nele, André Hamer lança diversos pontos de vista que devem ser levados em conta, porque de fato são relevantes. Muitos de seus posts evocam tirinhas que resumem bem como os israelenses vêem a guerra atual.

Pude perceber que tanto do lado palestino como do israelense há um conflito subjacente àquele regado a pólvora. Tal é eminentemente emocional. Ambos se portam com as almas inflamadas.

Nessas condições, é inegável que haja bastante dificuldade em se firmar um acordo em que ambas as partes ganhem e percam mais ou menos em mesmo montante.

Abaixo publiquei minha resposta a ele, que, por ter ficado sujeita à aprovação dele para aparecer em seu blog, resolvi divulgá-la aqui:

"Caro amigo,

Li com atenta curiosidade vários de seus posts e não pude deixar de perceber quão importante é tentar, apesar da grande mídia, construir opiniões confrontando pontos de vista, como muito bem você faz aqui.

Não obstante, é preciso abandonar as análises maniqueístas, afinal uma guerra não está dividida entre "mocinhos e bandidos"; ambos são "bandidos", pelo simples fato de que usarão todos os meios disponíveis para derrotar seu oponente.

Não estou discutindo a legitimidade de um ataque ou contra ataque, é bom dizer, mas apenas chamando a atenção para o inegável fato acima defendido. O Hamas e Israel usam o que têm na manga, é claro. É desprezível que tenham chegado a tal ponto, mas numa luta de vida ou morte não há espaço para a moralidade, senão quando convém ao jogo político.

É preciso dizer ainda uma coisa: Israel, como única democracia no Oriente Médio, deveria ter levado em conta a validade das propostas palestinas no embate parlamentar [que é onde se deve 'guerrear' com idéias e propostas], mas no final do ano passado acabou por expulsar o partido palestino do jogo democrático no Parlamento. A meu ver, um grande retrocesso, pois encheu de argumentos sólidos os palestinos radicais, na prática deixando poucas alternativas reais para a resolução do conflito fora de uma "guerra total" contra o povo de Israel.

E se voltarmos mais atrás, o que dizer do início do Estado de Israel, quando poucos anos depois do trágico Holocausto na Europa, fizeram em solo palestino coisa parecida com que fizeram os nazistas a milhares de judeus, homossexuais, ciganos e outras minorias.

Não acredita? Não é retórica! Veja este vídeo revelador numa entrevista com um estudioso do assunto: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM944425-7823-SILIO+BOCCANERA+ENTREVISTA+ILAN+PAPPE,00.html

Abraços fraternos aos povos de Israel e da Palestina."