sábado, 29 de novembro de 2008

Os atentados na Índia - direto do Blog do Nassif

Vamos a um breve resumo do que saiu nos jornais sobre os atentados na Índia (íntegra das matérias, clique aqui)

O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, culpou ontem "agentes externos vindos de países vizinhos", referindo-se ao Paquistão, pelos ataques coordenados de quarta-feira, que deixaram pelo menos 127 mortos e mais de 300 feridos em dez lugares de Mumbai (ex-Bombaim), a capital financeira da Índia.

(...) O Paquistão negou a acusação, lamentou os ataques e ofereceu ajuda. Segundo o jornal Hindu, três terroristas - dos sete detidos - eram paquistaneses e disseram ser do grupo Lashkar-i-Taiba, com base no Paquistão. O grupo negou ter participado dos ataques.

Relatos de testemunhas indicaram que os terroristas (estima-se 25) chegaram pelo mar, em balsas de borracha, reforçando a teoria do envolvimento de estrangeiros. (...)

Rejeitando as acusações, o chanceler do Paquistão, Shah Qureshi, lembrou que o Exército está combatendo os extremistas no território paquistanês. (...)

(...) Hoje pela manhã, comandos militares lançaram uma ofensiva no centro judaico, onde, segundo um funcionário da Embaixada de Israel, pelo menos dez israelenses eram mantidos como reféns.

(...) Os atentados que tiveram início na noite de quarta-feira se concentraram na região sul de Mumbai, onde ficam as principais atrações turísticas, a maior Bolsa de Valores do país, a sede do Banco Central e os hotéis cinco-estrelas.

NYT E GUARDIAN

Um dia após os ataques que mataram 125 pessoas em Mumbai, na Índia, uma questão ainda intriga os principais especialistas em terrorismo no mundo: quem são os terroristas? O único consenso é que os atentados representam uma nova face do terror, diferente do padrão que vinham tendo os ataques realizados no país. Até então, o terrorismo indiano tinha como alvo a população local - e não turistas estrangeiros.

(...) A primeira parte do mistério é saber até que ponto os terroristas tiveram ajuda externa. Mas as autoridades dizem que o nível de organização, planejamento e coordenação não poderia ter sido atingido sem a ajuda de terroristas experientes, talvez ligados à Al-Qaeda. Mas isso não resolve o mistério sobre a identidade dos terroristas.

Segundo a rede CNN, os terroristas teriam planejado a ação por várias semanas e até mesmo se hospedado nos dois hotéis atacados. Os ataques começaram às 21h20 de quarta-feira na estação de trem de Mumbai e prosseguiram em intervalos de 15 minutos pelos outros alvos. A polícia apreendeu botes de borracha, com armas e um telefone por satélite, noa quais eles teriam chegado à cidade.

Após os ataques, um grupo autodenominado Mujahedin do Deccan reivindicou a autoria. O problema é que nenhum especialista em segurança e terrorismo conhece a organização. Deccan é o nome da região onde fica a cidade indiana de Hyderabad, no centro da Índia. Mujahedin são os guerreiros islâmicos. “Os dois nomes juntos não dizem nada. Esse grupo é uma farsa”, disse Gohel.

(...) Segundo o governo indiano, o nome sugere uma relação com o grupo Mujahedin Indiano, envolvido em ataques que já mataram 200 pessoas este ano no país. Em setembro, o Mujahedin Indiano enviou uma mensagem a jornais da Índia ameaçando lançar “ataques mortíferos” em Mumbai.

Christine Fair, do Instituto Rand, afasta qualquer relação com a Al-Qaeda. “Não tem nada a ver com eles. A Al-Qaeda não usa granadas e não faz reféns”, disse.

O uso de granadas e fuzis AK-47, segundo analistas, colocaria os terroristas de Mumbai mais próximos das guerrilhas islâmicas que atuam na Caxemira, no Afeganistão e no próprio território indiano. Com base em imagens de TV e fotos, que mostraram que os terroristas eram jovens - de 20 e poucos anos e usando camisetas e jeans -, o governo suspeita da participação de estudantes muçulmanos. “A pobreza tem empurrado esses muçulmanos indianos para o fundamentalismo”, disse Christine.

Gilles Lapouge*

(...) Algumas pistas. Os matadores pediram os passaportes de seus prisioneiros dos hotéis e separaram britânicos e americanos dos outros. Isso ocorreu em Mumbai, a cidade onde os traços da colonização britânica são mais espetaculares.

(...) O Hotel Taj Mahal, que estava em chamas na quarta-feira à noite, é um vestígio da belle époque britânica, com seu luxo, sua elegância, seus domos e seus campanários ornamentados. Sempre se espera surpreender Rudyard Kipling ou a rainha Vitória saindo dali.

(...) Esse cuidado de atacar alvos simbólicos e monumentos célebres, a multiplicidade dos ataques simultâneos, o enorme armamento dos terroristas, sua coragem insana, sua brutalidade, o desejo de fazer o maior estrago possível, tudo isso parece revelar que se trata de um grupo inspirado na Al-Qaeda. Essa ação pode ser interpretada, portanto, como um novo soluço do ódio antiocidental que gira em torno do globo desde 11 de setembro de 2001

No entanto, as paixões propriamente nacionais não podem ser excluídas. Em Gujarat, vizinho ao Estado de Maharashtra, cuja capital é Mumbai, ocorreram perseguições de muçulmanas que deixaram 2 mil mortos, em 2002.
(...) A tese de que a culpa é do Paquistão é menos crível, pois as relações entre os dois países rivais melhoraram sensivelmente depois da aprovação de algumas medidas.
(...) Zardari calcula que a Índia e o Paquistão, por mais rivais que sejam, têm um inimigo em comum: o radicalismo islâmico. Esse radicalismo, nutrido e reforçado dia após dia pelo Taleban em sua luta contra o Ocidente no Afeganistão, vizinho do Paquistão, ameaça, se não for combatido, mergulhar o Paquistão no abismo do terror. E a Índia sofreria o mesmo destino.

Folha de S.Paulo, com agências internacionais

(...) Segundo relatos dos sobreviventes, os terroristas são rapazes na faixa de 20 anos, armados com granadas e fuzis automáticos. Falavam hindi, idioma predominante na Índia, e urdu, língua falada sobretudo por muçulmanos da região.

(...) Dois supostos terroristas ligaram a canais de TV locais, exigindo falar com representantes do governo. Eles reclamavam do "tratamento injusto" dado aos muçulmanos na Índia, sobretudo na Caxemira, região de maioria islâmica disputada por Índia e Paquistão.

(...) Segundo outro seqüestrador, que disse se chamar Sahadullah, os reféns só seriam soltos quando a Índia libertasse todos os "mujahedin" (combatentes islâmicos), e os muçulmanos que vivem no país "não deveriam ser perturbados".

Por waleria

Leiam McMafia de Misha Glenny, Cia das Letras 2008 e entenderão claramente.

Existe uma ligação de gangsters de origem muçulmana em Munday, que têm forte apoio informal do serviço secreto paquistanês.

Não é uma ação terrorista propriamente dita paquistanesa. Mas são gangsters da mafia local de Munday, de origem muçulmana, treinados pelo serviço secreto paquistanês - para gerar problemas para as autoridades indianas de origen hindu, no período pré-eleitoral.

São jovens, falam hindu e idioma islamita local. São locais, máfia local. Mafia usada para um certo banditismo político como massa de manobra eleitoral na India.

São problemas locais - e interesses locais. Nada de Al-Qeda ou US ou UK, ou Israel. Isso usaram para despistar e aparecer com mais força.

Usam e abusam do pavor ocidental - e a ideologia do terrorismo de Bush Jr.

Por Betina

Tem um excelente comentário no resumo do centenário jornal The Christian Science Monitor, lá no fim: clique aqui.

É um comentário dum blogueiro do Sri Lanka vendo paralelos entre os ataques em Mumbai e o conflito reinante no Sri Lanka. Comenta q nem uma das mensagens q rolam na TV se pergunta: "o q fez com q indianos atacassem outros indianos?" Basicamente ele fala: olhem para dentro e encontrem a doença que está causando esta febre de nome terrorismo. Não façam a besteira q nós fizemos. Começa cum uma meia dúzia de gatos pingados aqui e ali, e daqui a pouco vc tem um movimento forte com ideologia e tudo.

Acho q esse blogueiro (sempre eles. Ou nós, rsrs) acertou na mosca. Se alguém puder traduzir, seria legal. No momento estou no trabalho, senão eu faria.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A crise de fim de ano

Sexta, 28 de novembro de 2008, 08h08

O diabo usa rímel

De São Paulo

Homens do mundo, uni-vos. Nada temos a perder a não ser nossos grilhões e nosso direito sagrado a assistir ao SPORTV até o sofá arrebentar. A hora é chegada. A libertação se avizinha. Todos juntos, agora, dizer não a essa nova forma de opressão pós-stalinista. Todos juntos, ao mesmo tempo e agora, brademos: chega! Basta! Não mais. No more!

Não está na constituição de 88, não está na Declaração dos Direitos do Homem (vejam bem, HOMEM!), em lugar algum está escrito que a gente tem que se submeter do jeito que andamos sendo forçados a, a essa coisa infernal, cruel, desumana e incompreensível, que uns chamam de desejo feminino, mas que deveria ser chamado pelo nome real: tortura. Maldade. Ruindade. Nunca mais!

Desculpem a passionalidade do texto, o desespero no tom, mas acontece que eu sou um homem, heterossexual, encalhado, diante de um dos nossos maiores e piores temores, que é o que fazer para não passar o final de ano sozinho.

E isto significa ter que negociar com o inimigo os termos para uma trégua, que dure ao menos entre o dia 26 de dezembro, após o peru e a família, e o dia 2 ou 3 de janeiro, quando regressamos todos ao aconchego de nosso lar, de nosso emprego, da vida normal, que oculta a nossa envergonhada solidão.

E quem detém a chave, a solução, a fuga? Azar nosso. Elas.

Comecei enviando e-mails desinteressados, perguntando, assim como quem não quer muito nada, se essa garota, que eu conheci em uma vernissage de um artista muito importante, por acaso não estaria livre no final do ano. Ou para essa moça tão talentosa, que encontrei em um aniversário de uma amiga de uma amiga, (encalhados freqüentam aniversários de amigas com o desespero de quem pensa seriamente em saquear um supermercado), e que comentou de passagem não saber se o melhor lugar para um ano novo animado seria o litoral de Santa Catarina, uma pequena praia uruguaia, uma ida ao Rio de Janeiro.

Isso seria um convite? Mandei mail. Não era, claro que não, e nunca seria, mesmo que fosse.

Mulheres pressentem nosso interesse, nossa ansiedade, a milhares de quilômetros de distância. Sacam na hora a nossa aflição, pelo título do e-mail, pelos ferormônios que passaram de nossos dedos para o teclado. E podem estar igualmente solitárias e ansiosas para uma solução para o ano novo que não as transforme na prima, na amiga, naquela garota que veio junto com o grupo que vai se divertir até morrer em um lugar qualquer, pulando ondinhas e bebendo espumante de qualidade duvidosa. Não adianta. Retornam nosso mail dizendo que ainda não sabem, não fazem idéia, nunca pensaram no assunto, o final de ano já está chegando? Mas que loucura, nem tinham percebido.

Não importa que compartilhem de nosso mundo e de nossos anseios. Nunca vão se entregar assim tão facilmente, bem na hora em que percebem que o inimigo está batido e implorando por uma trégua que jamais vão conceder. Vão preferir comer Cheetos e beber Tang com a turma de amigos da irmã que ainda está no ensino médio. Vão preferir ir com mais quatro amigas em um Fiat Mille viajando 600 quilometros até Vitória, areias monazíticas são mesmo o máximo. Vão ficar em casa, curtindo o especial Roberto Carlos, mas não vão com você até um lugar legal, para se conhecerem melhor, estourarem o champanha juntinhos, pular ondas com um braço amigo (bom, também amigo) ao lado. Isso nunca.

Se ao menos fossemos mais fortes e unidos, se assumíssemos de vez o nosso destino em nossas mãos (não é bem isso que estou propondo, por favor). Se apresentássemos todos juntos nossas condições irrevogáveis: "Venham com a gente, vamos diluir nossa condição de forçada individualidade em um melhor aproveitamento de nossa liberdade de adultos, vamos fazer coisas legais que homens e mulheres são biologicamente, socialmente, legalmente, espiritualmente (vai que a moça é católica fervorosa?) capacitados a realizar. Vamos assumir publicamente nosso desejo uns pelos outros, e já que somos classes condenadas ao convívio, vamos escolher coisas melhores do que olhar os fogos de artifício que a prefeitura organiza justamente por conta de nossa falta de alternativas?"

Não sei se pode funcionar, mas venho aqui, publicamente, tentar.

Homens do mundo, que elas chorem a nossa possível falta, e que, ao derreter o rímel, se derretam os corações e sejam elas mesmas a nos ligar, escrever, perguntando o que afinal vamos fazer nesse período tão especial do ano, de nossas vidas?

Vamos começar o nosso movimento nesse instante, agora mesmo, tentando, mesmo que por uns dias, nos tornarmos difíceis e desejados. Vamos ver como elas reagem. Vamos agüentar firmes por umas poucas semanas, enquanto a resistência se esvai, junto com o pancake. Vamos que eu tenho fé, e unidos venceremos. E se não der, vamos unidos combinar um bar para, em pleno final de ano, assistirmos ao SPORTV e celebrarmos a nossa masculinidade, na falta de coisa melhor pra fazer.

Em tempo, com a demonstração de nossa força, será inevitável a vitória e, finalmente, nos uniremos todos, homens e mulheres, em busca de melhores jogos do que este, de vender caro algo que não vale a pena vender, descobrindo finalmente que é melhor se entregar e sermos felizes juntos, em nossa fragilidade assumida.

Sejamos fortes. Resistamos. Nade de receber chamadas, de responder aos e-mails, de criar frases espirituosas no MSN. Resistência, todos juntos! Vamos lá que vai dar! Lembrem das palavras do novo messias e digamos todos juntos, que agora vai: Yes, we can!


Marcelo Carneiro da Cunha é escritor e jornalista. Escreveu o argumento do curta-metragem "O Branco", premiado em Berlim e outros importantes festivais. Entre outros, publicou o livro de contos "Simples" e o romance "O Nosso Juiz", pela editora Record. Acaba de escrever o romance "Depois do Sexo", que foi publicado em junho pela Record. Dois longas-metragens estão sendo produzidos a partir de seus romances "Insônia" e "Antes que o Mundo Acabe".

Ataques seriam resposta a Obama, diz CIA

Arapongas ocidentais sentenciam!

"Wálter Fanganiello Maierovitch -Especial para Terra Magazine

Os 007 ocidentais não analisam o ataque terrorista consumado em Mumbai (Índia) isoladamente.

Procuram estabelecer co-relações com a recente explosão na zona mais protegida de Cabul (Afeganistão) e no alerta feito pelo FBI, sobre atentados em Nova York nesta época de festas de Natal e final de ano.

A recente explosão de um carro-bomba estacionado na zona mais blindada de Cabul mostrou que os talebans não estão enfraquecidos.

Veja também:
» Opine aqui sobre o atentado na Índia
» Por que a CIA vê ligações com Al Qaeda em ataques
» Serviço secreto liga ataque a grupo ligado a Osama
» Índia: Foto de terroristas intriga serviço secreto
» Centro judaico em Mumbai tem explosão
» Paquistão promete colaborar com a Índia
» Cronologia . Quem são os terroristas

O discurso desta semana de Hamid Karzai, o presidente afegão que mal tem o controle da capital Cabul, foi um ato de fraqueza, numa tentativa desesperada de composição com os senhores das guerras que, atualmente, por causa do mercado do ópio, voltaram para o lado dos talebans.

Só para recordar: Karzai quer, a exemplo do Iraque, um plano de retirada das tropas da coalizão da OTAN e procura não se pronunciar sobre a promessa de campanha de Barack Obama, esta no sentido de concentrar ataques no Afeganistão e capturar Osama Bin Laden.

Para os diferentes serviços de inteligência dos Estados Unidos, o auto-bomba foi uma resposta a Barack Obama e as razões, paranóias à parte, não representam escorregar na maionese.

Pelo que vazou, os 007 da CIA acham que a popularidade de Obama, um negro de falecido pai islâmico, quebra o discurso alqaedista da arrogância americana, que calçava como luva a Bush.

Para chegar a essa conclusão, os 007 entendem que o último vídeo em que Zawahiri, que comenta a eleição presidencial americana e ataca Obama, mostra, com emprego do cyberterrorismo, uma desesperada e falha tentativa de grudar em Obama a máscara da arrogância e da prepotência.

Apenas para recordar, Zawahiri insistiu num velho e ultrapassado discurso do líder afro-americano Malcom X, até sem perceber que, no final da vida, ele se reaproximou de Marthin Luther King e seguiu os seus posicionamentos.

Para Zawahiri, o futuro presidente Obama era um "negro das casas" (house slaves), isto é, igual aos escravos que faziam os serviços domésticos e sempre prontos a fazer a vontade dos patrões. A propósito, Malcolm X, dizia nos anos 60, com relação à escravidão:

- Existiam dois tipos de escravos: os negros de casa e os negros dos campos. Os primeiros viviam com os patrões, bem vestidos comiam os seus restos e seriam mortos por eles.

Os "negros do campo" eram os desfrutados no trabalho nas lavouras, os mal alimentados e os açoitados.

Zawahiri colocou Obama no mesmo patamar de Condoleezza Rice e Colin Powel, considerados a serviço dos lobistas e do sionismo internacional. Para rematar, ele afirmou que Obama, nascido de pai muçulmano, juntou-se aos inimigos do Islã.

Com o ataque em Mumbai, a meta seria provocar a ira de Obama e arrancar-lhe discursos de guerra, que a Al-Qaeda usa como guerra ao Islã, ou uma outra Cruzada.

PANO RÁPIDO. Os três episódios, Mumbai, Cabul e Nova York, podem não ser diversos e ter um alvo comum que se chama Barack Obama."

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Salvem os emergentes!

Uma confusão. Informações trocadas e quiçá contraditórias. Assim vive seus dias no inferno de Dante nosso famigerado Mercado, com sua "mão invisível" [cuja destra em nada lembra a invisibilidade - e o amadorismo - da autora]. Interessante é o artigo que reproduzo abaixo, que retirei do excelente Blog do Nassif. Nele dá pra entender porque nós, emergentes, somos, ou melhor, temos sido agraciados com os afagos insuspeitos do G-7. Enfim, ei-lo:
"Salvem os mercados emergentes - Dani Rodrik
21/11/2008

(...) Vejamos o que aconteceu com a Coréia do Sul e o Brasil. Os dois países experimentaram crises cambiais no passado recente - a Coréia do Sul em 1997-1998 e o Brasil em 1999 - e ambos subseqüentemente adotaram medidas para elevar a sua resistência financeira. Eles reduziram a inflação, deixaram suas moedas flutuar, acumularam superávits externos ou pequenos déficits e, o que é mais importante, acumularam montanhas de reservas cambiais (que agora excedem tranqüilamente as suas dívidas externas de curto prazo). O bom comportamento financeiro do Brasil foi recomendado já em abril deste ano, quando o Standard & Poor´s elevou a sua nota de crédito para nível de investimento (a Coréia do Sul já obteve nível de investimento há anos).

Apesar disso, ambos estão sendo duramente castigados nos mercados financeiros. Nos dois meses passados, suas moedas perderam cerca de 25% do seu valor ante o dólar dos EUA. Seus mercados de ações declinaram bem mais (40% no Brasil e 33% na Coréia do Sul). Nada disso pode ser explicado pelos fundamentos econômicos. Os dois países experimentaram um período de crescimento robusto recentemente. O Brasil é um exportador de commodities, ao passo que a Coréia do Sul não é. A Coréia do Sul depende enormemente de exportações a países ricos, e o Brasil, bem menos.

Estes e demais países emergentes são vítimas de uma corrida racional rumo à segurança, exacerbada por um pânico irracional. As garantias públicas que os países ricos estenderam aos seus setores financeiros expuseram de forma mais clara a linha crítica demarcatória existente entre ativos "seguros" e "arriscados", sendo que os mercados emergentes estão claramente nesta última categoria. Os fundamentos econômicos ficaram pelo caminho.

Para piorar as coisas, os mercados emergentes são privados da única ferramenta que os países adiantados empregaram para estancar os seus próprios pânicos econômicos: recursos fiscais internos ou liquidez interna. Os mercados emergentes necessitam de moeda estrangeira e, portanto, de apoio externo.

O que precisa ser feito está claro. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e os bancos centrais do G-7 precisam atuar como emprestadores globais de última instância e fornecer liquidez ampla - rapidamente e com poucas restrições - para apoiar as moedas dos mercados emergentes. A dimensão da provisão de recursos necessária provavelmente chegará a centenas de bilhões de dólares dos EUA, e superará tudo o que o FMI já tenha feito até agora. Mas não há nenhuma escassez de recursos. Se for preciso, o FMI poderá emitir direitos especiais de saques (SDRs) para gerar a liquidez global necessária.

Além disso, a China, que detém quase US$ 2 trilhões em reservas cambiais, deve ser parte desta missão de resgate. O dinamismo da economia chinesa é extremamente dependente das exportações, que poderão sofrer muito com um colapso dos países emergentes. Na verdade, a China, com sua necessidade de crescimento elevado para pagar pela paz social, pode ser o país que mais corre risco com uma grave queda na atividade econômica global.

O interesse próprio indisfarçado também deve convencer os países avançados. O colapso continuado das moedas dos mercados emergentes e suas conseqüentes pressões comerciais lhes dificultarão ainda mais a tentativa de impedir um aumento substancial nos níveis da taxa de desemprego. Na ausência de um escudo para as finanças dos países emergentes, o cenário apocalíptico de um ciclo vicioso protecionista que relembra a década de 1930 já não pode ser descartado.

Dani Rodrik, professor de Economia Política na Escola de Governo John F. Kennedy da Universidade Harvard, é o primeiro ganhador do Prêmio Albert O. Hirschman do Social Science Research Council. © Project Syndicate/Europe´s World, 2008. www.project-syndicate.org"

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Quando outra mágica renasce


"Ela já estava vindo havia muito tempo, mas nesta noite, por tudo o que fizemos hoje, neste momento definidor, a mudança chegou à América."

"O caminho à frente será longo. Nossa escalada será árdua. Podemos não chegar lá em um ano ou em um mandato, mas, América, nunca estive mais esperançoso do que nesta noite de que chegaremos lá."

A seguir, declarações de líderes mundiais:

CELSO AMORIM, MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES

"Neste caso, a esperança venceu o preconceito --isto é bom para os Estados Unidos e para o mundo como um todo."

GORDON BROWN, PREMIÊ BRITÂNICO

"Barack Obama fez uma campanha inspiradora, energizando a política com seus valores progressistas e sua visão para o futuro. Eu conheço Barack Obama e nós dividimos inúmeros valores. Nós temos determinação para mostrar que o governo pode agir ajudando pessoas com justiça em meio a esses tempos difíceis na economia global."

ANGELA MERKEL, CHANCELER ALEMÃ

"Eu lhe dou meus sinceros parabéns por sua vitória histórica na eleição presidencial. O mundo enfrenta desafios significativos no início de seu mandato. Eu estou convencida de que a Europa e os Estados Unidos irão trabalhar juntos e em espírito de confiança mutua para confrontar novos perigos e riscos."

GRIGORY KARASIN, VICE-MINISTRO DO EXTERIOR RUSSO

"A notícia que estamos recebendo dos resultados da eleição presidencial norte-americana mostra que cada um tem o direito de esperança por uma renovação das abordagens norte-americanas para os mais complexos assuntos, incluindo política externa, assim como as relações com a Federação Russa."

HU JINTAO, PRESIDENTE CHINÊS

"Eu e o governo chinês sempre demos muita importância para as relações entre China e Estados Unidos. Na nova era histórica, estou ansioso para trabalhar junto com você (Obama) para continuar fortalecendo o diálogo e as trocas entre nossos países."

FRANCO FRATTINI, MINISTRO DO EXTERIOR ITALIANO

"A Europa que celebra a vitória de Obama precisa saber que a Europa será chamada para ser uma produtora de segurança. Eu acredito que Obama irá nos chamar para assumir nossa responsabilidade com mais seriedade."

FEDERICO LOMBARDI, PORTA-VOZ DO PAPA BENTO 16

"Fiéis estão rezando para que Deus o ilumine e o ajude nesta grande responsabilidade, que é enorme por causa da importância global dos Estados Unidos...Nós esperamos que Obama possa atender às expectativas e as esperanças de muitos que confiaram nele."

MANMOHAN SINGH, PREMIÊ INDIANO

"Sua jornada extraordinária até a Casa Branca não inspira apenas pessoas em seu país, mas também ao redor do mundo."

YOUSAF RAZA GILANI, PREMIÊ DO PAQUISTÃO

"Sua eleição marca um novo capítulo na história dos Estados Unidos. Por muito tempo, as idéias de democracia e liberdade existentes nos EUA têm sido fonte de inspiração...Eu espero que, sob a sua liderança dinâmica, os EUA continue sendo fonte global de paz e novas idéias para a humanidade."

JOSÉ MANUEL BARROSO, PRESIDENTE DA COMISSÃO EUROPÉIA

"Nós precisamos transformar a atual crise em uma nova oportunidade. Nós precisamos de um novo acordo para um novo mundo. Eu sinceramente espero que com a liderança do presidente Obama, os Estados Unidos da América juntem forças com a Europa para levar a esse novo acordo. Pelo bem de nossas sociedades, pelo bem do mundo."

NICOLAS SARKOZY, PRESIDENTE DA FRANÇA

"Com o mundo em meio a turbulência e dúvidas, o povo americano, fiel aos valores que sempre definiram a identidade da América, expressou com força sua fé no progresso e no futuro.

"Em uma época em que nós devemos encarar grandes desafios juntos, sua eleição fez nascer uma enorme esperança na França, na Europa e mais além. França e Europa... encontrarão uma nova energia para trabalhar com os Estados Unidos para preservar a paz e a prosperidade mundial."

JAN PETER BALKENENDE, PREMIÊ HOLANDÊS

"A necessidade de cooperação entre a Europa e os Estados Unidos é maior do que nunca. Apenas com a cooperação transatlântica nós podemos enfrentar os desafios globais."

TARO ASO, PRIMEIRO-MINISTRO JAPONÊS

"À medida que o mundo enfrenta muitas dificuldades, estou seguro que os Estados Unidos, sob a excelente liderança do presidente eleito Obama, irão avançar ainda mais e ao mesmo tempo cooperar com a comunidade internacional.

"A aliança nipo-americana é chave para a diplomacia japonesa e é a base para a paz e a estabilidade da região Ásia-Pacífico. Com o presidente eleito Obama, eu estreitarei a aliança EUA-Japão ainda mais e trabalharei para resolver as questões globais como a economia mundial, o terror e o meio ambiente."

ALI AGHAMOHAMMADI, ASSESSOR PRÓXIMO DO LÍDER SUPREMO

IRANIANO, AIATOLÁ ALI KHAMENEI

"O presidente eleito prometeu mudanças nas políticas. Há capacidade de melhoras nas relações entre a América e o Irã se Obama cumprir suas promessas de campanha, incluindo não confrontar outros países, como fez Bush no Iraque e no Afeganistão."

TZIPI LIVNI, MINISTRA DO EXTERIOR ISRAELENSE

"Israel espera a cooperação estratégica com a nova administração, o presidente e o Congresso continuarão fortalecendo a relação especial e inabalável entre os dois países."

SAEB EREKAT, ASSESSOR DO PRESIDENTE PALESTINO, MAHMOUD ABBAS

"Esperamos que o presidente eleito dos Estados Unidos mantenha o curso e continue com o engajamento norte-americano no processo de paz sem atrasos. Esperamos que a visão de dois Estados seja transformada de visão para rota realista imediatamente."

HOSNI MUBARAK, PRESIDENTE DO EGITO

"Buscaremos uma contribuição construtiva na solução da questão palestina e na busca por uma paz justa e ampla como principal requisito para a segurança e a estabilidade no Oriente Médio."

HAMID KARZAI, PRESIDENTE DO AFEGANISTÃO

"Eu aplaudo o povo americano por sua grande decisão e espero que a nova administração dos Estados Unidos da América e a grande manifestação de preocupação com os seres humanos e a falta de preocupação com a questão de raça e cor ao eleger um presidente contribuam para trazer os mesmos valores ao resto do mundo mais cedo ou mais tarde.

Eu aplaudo o povo americano uma vez mais e espero que essa eleição e a chegada do presidente Obama tragam paz ao Afeganistão, vida ao Afeganistão e prosperidade para o povo afegão e o resto do mundo."

MWAI KIBAKI, PRESIDENTE DO QUÊNIA

"Nós o povo do Quênia estamos imensamente orgulhosos de suas raízes quenianas. Sua vitória não é somente uma inspiração para milhões de pessoas em todo o mundo, mas tem um eco especial para nós aqui no Quênia."

KGALEMA MOTLANTHE, PRESIDENTE DA ÁFRICA DO SUL

"A África, que hoje sente-se orgulhosa de sua façanha, só pode almejar uma relação de trabalho frutífera com você em nível bilateral e multilateral no nosso empenho para criar um mundo melhor para todos os que vivem nele.

"Nós expressamos esperança que a pobreza e o subdesenvolvimento na África, que continua sendo um desafio para a humanidade, continuará recebendo atenção maior na nova administração."

STEPHEN HARPER, PRIMEIRO-MINISTRO DO CANADÁ

"Eu estou ansioso para encontrar-me com o presidente eleito, de modo que possamos continuar a estreitar os laços especiais que existem entre o Canadá e os Estados Unidos.

"Nas semanas e meses à frente, autoridades e diplomatas canadenses estarão trabalhando próximo a membros da equipe de transição do presidente eleito Obama. Ministros do nosso governo estão ansiosos por construir uma forte relação de trabalho com seus parceiros em um novo gabinete de Obama."

HELEN CLARK, PRIMEIRA-MINISTRA DA NOVA ZELÂNDIA

"O governo da Nova Zelândia está muito ansioso para trabalhar com a nova administração Obama.

"O senador Obama assumirá o cargo em uma conjuntura crítica. Há muitos desafios a fazer pressão sobre a comunidade internacional, incluindo a crise financeira global e o aquecimento global. Nós estamos ansiosos por trabalhar próximo ao presidente eleito Obama e sua equipe para tratar desses desafios."


PS: Pinch me! 'Cause i still think i'm dreaming...