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Realmente, amigos, nem tudo é perfeito nessa vida... O que é bom dura pouco!
Música para este post? Bicho Maluco Beleza, do Alceu
ONDE DIALOGAM POLÍTICA, ECONOMIA E CULTURA
"Não sei por que, mas o evento da Abril me lembrou aquela cena épica de Francis Ford Copolla, o fecho do filme. Enquanto todos estão na grande ópera, os inimigos são fuzilados na calada da noite.
Na grande festa foram selados os destinos do delegado Protógenes e Paulo Lacerda, dois funcionários públicos cumpridores da lei. Anotem os nomes deles e os repassem para seus filhos e netos: foram dois brasileiros dignos, sacrificados por um jogo sujo."
Viver no Brasil é como ver novela! A diferença é que não há qualquer garantia de que o bem vença ao final da trama.Da Folha Online
Mendes diz que laudo da PF sobre maletas da Abin é insuficiente para isentar órgão
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, disse nesta quinta-feira que o laudo da Polícia Federal com a conclusão de que equipamentos da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) não realizam grampos telefônicos é insuficiente para isentar o órgão de participação em escutas clandestinas. Mendes disse que o laudo apenas mostra que as maletas apresentadas pela agência não fazem grampos, mas não esgota a possibilidade da Abin ter outros equipamentos para realizar escutas.
"Isso diz pouco porque simplesmente diz sobre as maletas que foram apresentadas. Nós não sabemos se são todas as maletas que a Abin dispõe e se não teriam a possibilidade de fazer a interceptação. Também ninguém afirmou que essa interceptação foi feita pela Abin, pela polícia, por pessoas contratadas, o que interessa é de fato aprofundar essas investigações", afirmou.
Mendes levantou a possibilidade de "outros meios" terem sido utilizados para as escutas, sem necessariamente terem sido realizadas pela Abin. "Nós não sabemos se essas maletas foram contratadas, se outros modos foram utilizados. Nós estamos em um mundo muito complexo para que nós tenhamos uma resposta muito simples", afirmou.
Comentário
Com seus comentários, Gilmar Mendes torna-se suspeito de ter participado intencionalmente de uma fraude: o tal grampo de sua conversa com Demóstenes Torres.
Não pode existir intocável neste país. Nós estamos em um mundo muito complexo, de fato. E Gilmar tornou-se suspeito perante uma parcela significativa da opinião pública. Primeiro, ao aceitar a versão de que era a ABIN sem dispor de uma evidência sequer. Agora, por insistir na acusação. Ainda mais sabendo-se que beneficia diretamente os acusados pela Operação Satiagraha.
Está na hora de começar a ser cobrado por seus pares.
Atenção, um novo capítulo se abre para o caso Satiagraha.
O governo Lula acertou um acordo com a Editora Abril – e, por extensão, com Daniel Dantas – para anular a Operação Satiagraha. O acordo foi montado da seguinte maneira:
1. É impossível interferir nos trabalhos em andamento do Ministério Público Federal e do juiz De Sanctis. A ofensiva de Gilmar Mendes foi um tiro no pé.
2. A estratégia acertada consistirá em tentar anular o inquérito de Protógenes, no âmbito da Polícia Federal. A versão preparada é que o inquérito continha irregularidades que precisariam ser sanadas. E a Polícia Federal colocou seus homens de ouro para “salvar” o inquérito. O trabalho dos “homens de ouro, na verdade, será o de garantir a anulação do inquérito.
3. Ao mesmo tempo, o governo aproveitará o factóide dos 52 funcionários da ABIN que participaram da operação - uma ação de colaboração já prevista pelo Sistema Brasileiro de Inteligência - para consumar a degola de Paulo Lacerda. A matéria do Estadão de domingo, o da "demissão em off" estava correta. Sabe-se, internamente no governo, que a operação foi normal. Assim como se tem plena convicção de que o tal “grampo” entre Gilmar Mendes e Demóstenes Torres foi uma armação. Mas Lula se curvou à real politik.
4. De sua parte, jornais e jornalistas mais envolvidos com o jogo estão reforçando essa versão do “inquérito ilegal” e do messianismo do delegado Protógenes. A armação, agora, terá o reforço da concordância tácita do Palácio.
5. O pacto foi referendado pela Ministra-Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. O Ministro Tarso Genro foi o que se mostrou mais constrangido com a operação, mas acabou se curvando à força dos fatos. Com essa operação, Lula e Dilma passam a ser aceitos no grande salão nobre, pavimentando a candidatura da Ministra para as próximas eleições.
6. O seu principal adversário, José Serra, já é outro aliado que entrou à reboque da Editora Abril. Está pagando um preço caro, com a descaracterização do seu discurso político.
7. A bola, agora, está com o Ministério Público e o Juiz De Sanctis, que terão que trabalhar com essa nova peça do jogo: a intenção de se anular o inquérito.
Não sei por que, mas o evento da Abril me lembrou aquela cena épica de Francis Ford Copolla, o fecho do filme. Enquanto todos estão na grande ópera, os inimigos são fuzilados na calada da noite.
Na grande festa foram selados os destinos do delegado Protógenes e Paulo Lacerda, dois funcionários públicos cumpridores da lei. Anotem os nomes deles e os repassem para seus filhos e netos: foram dois brasileiros dignos, sacrificados por um jogo sujo.
É o fim da grande batalha pela instituição da legalidade no país? Longe disso. É apenas um novo capítulo. Tanto assim, que integrantes próximos ao jogo estão completamente incomodados, assim como vários colegas jornalistas, que entenderam que esse jogo de cena foi longe demais e está comprometendo a imagem da categoria como um todo.
Com tanta testemunha, tanto conflito de consciência, julgam ser possível varrer o elefante para debaixo do tapete? É muita falta de fé no estágio atual de desenvolvimento do país.
Da BBC, apud Estadão
'Lula toma as rédeas na crise boliviana', diz 'El País'
Segundo jornal, participação na cúpula demonstra peso do Brasil na região.
- A cúpula da Unasul realizada na segunda-feira à noite para discutir a crise na Bolívia marca o crescente peso que o presidente Luís Inácio Lula da Silva está adquirindo na região, segundo reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal espanhol El País.
Em matéria intitulada, "Lula toma as rédeas da crise boliviana", o diário diz que Lula apresentou uma série de exigências para aceitar ir ao encontro em Santiago do Chile, e o fato de elas terem sido acatadas, demonstram sua importância na mediação do conflito.
"A presidente do Chile, Michelle Bachelet - país que exerce a presidência temporária da Unasur -, convocou a reunião, mas foi Lula quem deu transcendência a ela, ao confirmar sua presença e conseguir que as partes em conflito na Bolívia lhe entregassem sua confiança", escreve o El País.
"Lula impôs condições para viajar a Santiago e as conseguiu. Pediu uma trégua prévia entre (o presidente boliviano Evo) Morales e a oposição, o que foi feito. Exigiu a aceitação expressa de La Paz para que ele intercedesse na crise, e a obteve. Mais, os rivais de Morales comemoraram a mediação brasileira, apesar de Lula os ter repreendido por usar a violência para desafiar o governo."
Isso nos mostra como a sociedade boliviana está profundamente dividida em classes, e, consequentemente, em interesses de classes. Mostra também como parte dessa sociedade é racista e elitista, querendo os louros das exportações exclusivamente para si e seus correligionários. Expressa também o peso que o Brasil exerce nos países vizinhos, como 'bom' país imperialista do cone sul que há muito é. Não que o Brasil não deva ter pretensões que visem a expansão de sua linha de influência, mas fazê-lo a qualquer custo também não me parece a melhor alternativa. Dominador só muda de endereço mesmo!
Estamos tão viciados em gás boliviano quanto os EUA em petróleo iraquiano. [Só o estado de São Paulo tem quase 100% de suas indústrias dependentes do gás transportado pelo gasoduto que vai até a Bolívia]... Pobres indígenas, estão entre Lula e Chávez!