quinta-feira, 5 de março de 2009

Tá procurando sarna pra se coçar!


A menina tem 9 anos de idade. O padrastro de 23, a estuprava continuamente, até que engravidou. De gêmeos! Seria razoável supor que qualquer pessoa com um pouco de bom senso pensasse que além de parte da infância perdida, esta pequena vítima de tamanha atrocidade fosse amparada por toda a sociedade laica e especialmente pelas religiões e igrejas, que têm em seu discurso o amor ao próximo como uma importante regra e prática de fé. Entretanto, nada disso parece sensibilizar a Igreja Romana que "excomungou nesta quarta-feira (4) a mãe, os médicos e outros envolvidos"; presa a seus dogmas, de maneira dogmática, inflige ainda mais dor à vítima e seus parentes: a da incompreensão num momento tão delicado!

Analisar uma instituição milenar, como é o caso da Igreja Católica, é sempre desafiador, porque não se pode valer o aventureiro de regras de conduta muito gerais e fixas, já que o tempo muda boa parte delas. Mas me arrisco aqui a tecer algumas considerações: no Brasil, um de seus últimos redutos, esta Igreja vem experienciando uma perda progressiva da parte mais jovem de seu rebanho para outras religiões, principalmente para as de origem protestante. Isso tem se dado devido a diversos fatores que não pretendo discutir nesta oportunidade. Mas é sintomático que atitudes como essa gerem grande repulsa, especialmente num caso em que a vítima, caso levasse adiante a gravidez poderia perder a capacidade de engravidar mais tarde, e mais, poderia mesmo perder a própria vida.

Quero, além da repulsa à atitude do eclesiástico em questão, deixar claro que (vide declaração abaixo) não penso serem todos os católicos que concordam com a atitude do arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho. Embora uma liderança desse tipo macule muito a imagem da Igreja, reforçando sua fama quanto à intolerância.

Ah, que saudade de Dom Evaristo Arns!!

No portal do G1, aqui, consta a seguinte consideração sobre o caso:

"O teólogo e ex-professor da PUC de São Paulo João Batistiole comentou a excomunhão dos envolvidos no aborto legal. “Acho que é uma posição dura, difícil de entender, uma posição institucional. Acho que a igreja perde um pouco da credibilidade perante seus fieis”, avalia."

2 comentários:

. disse...

guilherme!!! dá sinal de vida de vez em quando... vamos sair num dia desses...
abraço

Lucano disse...

esse episódio escancarou, de forma inequívoca, a face bruta e violenta da Igreja